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"ARTECONHECIMENTO"
MAC atenta para desafios atuais ao homenagear USP
FELIPE CHAIMOVICH
CRÍTICO DA FOLHA
"Arteconhecimento" é
mostra complexa. Enfrenta a diversidade de missões de um
museu universitário e público de
arte contemporânea. Para tal, explora o amplo acervo do MAC
(Museu de Arte Contemporânea)
da Universidade de São Paulo.
O visitante entra na exposição
diante das três salas que abrigam
a produção mais recente. Mas, ao
dobrar à esquerda, vai retrocedendo no tempo até chegar ao
Gabinete de Papel.
A cronologia começa celebrando as vanguardas antiacadêmicas
do início do século 20. A coleção
do MAC possui um núcleo modernista pontuado por obras como o "Auto-Retrato" (1919), de
Modigliani, e o "Enigma de um
Dia" (1914), por De Chirico. Reencontramos ambos defrontados ao
"Retrato de Joaquim do Rego
Monteiro" (1920), de Vicente do
Rego Monteiro, e ao "Beijo"
(1923), por Di Cavalcanti.
Daí em diante, a curadoria adota montagem dialética. Em cada
sala, as paredes opostas confrontam europeus e nacionais, estruturando uma visão da história como paralelo.
Evolucionismo
Mantém-se o evolucionismo da
arte do século 20: passamos da
vanguarda ao entre-guerras, depois à abstração, seja construtiva
ou informal. As filiações expressionistas são favorecidas por
obras de destaque, como a "Cabeça Trágica" (1957), de Appel, e os
nove desenhos da série "Minha
Mãe Morrendo" (1947), de Flávio
de Carvalho.
A década de 60 abre a questão
da história de si, pois é o período
de fundação do MAC. Por um lado, a militância política é ressaltada no triedro "Os Revolucionários" (1968), de Canogar. Por outro, as correntes pop são admitidas com o "Arkadin de Saint-Aimer" (1962-64), de Wesley Duke
Lee, e o "Você Faz Parte 2" (1964),
de Nelson Leirner. A fotografia da
performance "Seis Movimentos"
(1974), de Barrio, testemunha a
capacidade de o museu lidar com
os problemas técnicos e éticos da
preservação de obras efêmeras.
Presente
Contudo, a interpretação dos
últimos 20 anos é menos clara. As
partes são relacionadas por critérios como a semelhança volumétrica e cromática entre o "Paradoxo do Santo" (1994), de Regina
Silveira, e "A Negra" (1997), de
Carmela Gross, ambas professoras da ECA.
O presente é focado em Benedetta Bonichi. A fotógrafa utiliza o
raio-X para criar registros do fantástico, qual "A Sereia" (2001). A
música do vídeo exibido na sala
difunde-se pelos demais ambientes do prédio, marcando a presença da arte globalizada.
Ao celebrar o aniversário de 70
anos da USP com esta "Arteconhecimento", o MAC mostra-se
atento aos desafios de manter e
criar conceitos historiográficos
para hoje.
Arteconhecimento - 70 anos da
USP
Onde: MAC-USP (r. da Reitoria, 160,
Cidade Universitária, região oeste, São
Paulo, tel. 0/xx/11/3091-3039)
Com: obras pertencentes ao acervo do
museu, de autoria de Marc Chagall,
Amedeo Modigliani, Morandi, Henri
Matisse, Pablo Picasso, Vassily
Kandinsky, Joan Miró, Anita Malfatti,
Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Ismael
Nery, Regina Silveira e Nelson Leiner,
entre outros
Quando: de terça a sexta, das 10h às
19h; sábados e domingos, das 10h às 16h
Quanto: entrada franca
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