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MÚSICA
Tecladista do Rei rejuvenesce em CD
Lafayette, 66, que ajudou a formatar a jovem guarda, lança primeiro álbum com músicos da nova geração
MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL
Se na cédula de identidade
dos músicos constassem seus
feitos mais inacreditáveis, a de
Lafayette, 66, estamparia no
campo principal: tocou o inconfundível órgão de "Quero
que Vá Tudo pro Inferno" na
gravação de Roberto Carlos, em
1965, colaborando decisivamente na formatação da estética da jovem guarda.
Espécie de lenda viva do pop
instrumental brasileiro, o tecladista e arranjador lança o
CD "As 15 Superquentes de Lafayette & Os Tremendões", primeiro de sua banda "jovem".
Os Tremendões, no caso, são
Gabriel Thomaz (da banda Autoramas), Renato Martins (Canastra), Nervoso (Os Calmantes), Melvin Fleming (Carbona), Marcelo Callado (Do
Amor) e Érika Martins (ex-Penélope) -todos quatro gerações mais novos que Lafayette.
A banda começou há quatro
anos. "Os meninos queriam
montar um grupo para tocar só
Roberto e estavam atrás de tecladista", diz o veterano. "Descobriram uma casa noturna onde eu tocava, no Rio. Levaram
discos meus para autografar e
fizeram a proposta."
Desde então, Lafayette viaja
o Brasil ("já tocamos até no
Amapá") com os Tremendões e
as canções de Roberto Carlos,
fazendo versões mais roqueiras
para clássicos como "Detalhes", "As Curvas da Estrada de
Santos" e, claro, "Quero que Vá
Tudo pro Inferno".
Em show, podem fazer tudo.
Na hora de gravar o disco, no
entanto, foram obrigados a recorrer ao repertório não autoral de Roberto. Como se sabe, o
Rei não libera com facilidade
suas músicas para gravações de
outros artistas.
Entraram, portanto, "Esqueça" (Mark Anthony/ Roberto
Corte Real), "Você Não Serve
pra Mim" (Renato Barros),
"Nossa Canção" (Luiz Ayrão),
"É Papo-Firme" (Renato Correia/ Donaldson Gonçalves) e
até "Força Estranha" (Caetano
Veloso) -todos hits de Roberto
compostos por outros.
"Como Roberto é muito chato com esse negócio, achamos
que assim ficaria melhor para
todo mundo", diz. "Podemos
assim fazer uma homenagem
ao repertório dele sem que ele
nos proíba disso."
Em vários dos mais de 50 LPs
instrumentais que lançou entre 1965 e 1989, para o Brasil e
para o mercado internacional,
Lafayette gravou quase todas as
canções hoje proibidas de Roberto Carlos.
A homenagem também é,
queira ou não o Rei, à história
do próprio tecladista.
AS 15 SUPERQUENTES DE
LAFAYETTE & OS TREMENDÕES
Artista: Lafayette e os Tremendões
Gravadora: Arterial Music
Quanto: R$ 25, em média
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