São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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MÚSICA

Tecladista do Rei rejuvenesce em CD

Lafayette, 66, que ajudou a formatar a jovem guarda, lança primeiro álbum com músicos da nova geração

MARCUS PRETO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se na cédula de identidade dos músicos constassem seus feitos mais inacreditáveis, a de Lafayette, 66, estamparia no campo principal: tocou o inconfundível órgão de "Quero que Vá Tudo pro Inferno" na gravação de Roberto Carlos, em 1965, colaborando decisivamente na formatação da estética da jovem guarda.
Espécie de lenda viva do pop instrumental brasileiro, o tecladista e arranjador lança o CD "As 15 Superquentes de Lafayette & Os Tremendões", primeiro de sua banda "jovem".
Os Tremendões, no caso, são Gabriel Thomaz (da banda Autoramas), Renato Martins (Canastra), Nervoso (Os Calmantes), Melvin Fleming (Carbona), Marcelo Callado (Do Amor) e Érika Martins (ex-Penélope) -todos quatro gerações mais novos que Lafayette.
A banda começou há quatro anos. "Os meninos queriam montar um grupo para tocar só Roberto e estavam atrás de tecladista", diz o veterano. "Descobriram uma casa noturna onde eu tocava, no Rio. Levaram discos meus para autografar e fizeram a proposta."
Desde então, Lafayette viaja o Brasil ("já tocamos até no Amapá") com os Tremendões e as canções de Roberto Carlos, fazendo versões mais roqueiras para clássicos como "Detalhes", "As Curvas da Estrada de Santos" e, claro, "Quero que Vá Tudo pro Inferno".
Em show, podem fazer tudo. Na hora de gravar o disco, no entanto, foram obrigados a recorrer ao repertório não autoral de Roberto. Como se sabe, o Rei não libera com facilidade suas músicas para gravações de outros artistas.
Entraram, portanto, "Esqueça" (Mark Anthony/ Roberto Corte Real), "Você Não Serve pra Mim" (Renato Barros), "Nossa Canção" (Luiz Ayrão), "É Papo-Firme" (Renato Correia/ Donaldson Gonçalves) e até "Força Estranha" (Caetano Veloso) -todos hits de Roberto compostos por outros.
"Como Roberto é muito chato com esse negócio, achamos que assim ficaria melhor para todo mundo", diz. "Podemos assim fazer uma homenagem ao repertório dele sem que ele nos proíba disso."
Em vários dos mais de 50 LPs instrumentais que lançou entre 1965 e 1989, para o Brasil e para o mercado internacional, Lafayette gravou quase todas as canções hoje proibidas de Roberto Carlos. A homenagem também é, queira ou não o Rei, à história do próprio tecladista.


AS 15 SUPERQUENTES DE LAFAYETTE & OS TREMENDÕES

Artista: Lafayette e os Tremendões
Gravadora: Arterial Music
Quanto: R$ 25, em média




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