MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

Globalização é isto aqui: um desenhista brasileiro ilustrando a história de um herói nórdico criada por um japonês para publicação em uma editora norte-americana. Essa mistura é a minissérie "Thor - Filho de Asgard", lançada nos EUA pela gigante Marvel e que chega agora ao Brasil, em formato de bolso, pela Panini.
O herói nórdico é o loiro Thor, filho de Odin, irmão de Loki, dono do mitológico martelo Mjolnir. O roteirista japonês é o diretor de animes (desenhos animados orientais) Akira Yoshida, que criou uma história sobre a juventude do guerreiro de Asgard, antes que ele fizesse jus ao martelo.
O desenhista brasileiro é o paulistano Evandro Tocchini Gregorio, 26, que assina Greg Tocchini desde que começou a trabalhar para o mercado norte-americano, em 2002. Artista profissional desde os 15 anos (quando fazia trabalhos para a revista "Dragão", dedicada aos jogos do tipo RPG), Tocchini começou sua carreira no exterior, na pequena editora Crossgen, pulando para a Marvel quando a primeira faliu.
"Thor - Filho de Asgard" foi o primeiro trabalho de Tocchini para a gigante norte-americana, e o brasileiro teve um privilégio raro para iniciantes, ainda mais os que lidam com heróis consagrados: ele não apenas ilustrou a série inteira (que começou como um projeto de seis edições e dobrou de tamanho, graças ao sucesso) como também teve liberdade para criar o visual dos personagens -trabalho que geralmente fica a cargo de uma equipe de designers da própria editora.
Narrada em 12 capítulos -a edição brasileira reúne todos em um só livro-, a minissérie traz os personagens ligados ao universo de Thor (como Odin, Loki, o amigo Balder e a amada Sif) em versão jovem. O roteiro, que chama a atenção pela linguagem culta, é uma mistura de "Hércules" com "Excalibur" e "Senhor dos Anéis", além, é claro, da mitologia nórdica original do personagem.
A arte de Tocchini segue a mesma linha. "Este Thor tinha o objetivo de aproveitar o sucesso de "O Senhor dos Anéis". Ele perdeu o visual alienígena que tinha originalmente e ganhou este visual mais medieval", explica o artista.
O trabalho do brasileiro na HQ fez sucesso: ele chegou a ganhar um pequeno percentual de participação nas vendas após a minissérie atingir 30 mil exemplares e, desde então, ilustrou histórias de heróis como o Capitão América, o Hulk e o Homem-Aranha.
Seu próximo trabalho na Marvel que chegará ao Brasil é a continuação da graphic novel "1602", em que os heróis da editora são transferidos para o referido ano.