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Oscar 2007
Análise/Os atores do Oscar
Mirren vive apogeu; Whitaker já fez melhor
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
As surpresas que o Oscar
reservou para este ano
passaram longe das categorias de ator e atriz: Helen
Mirren e Forest Whitaker, reis
absolutos na extensa temporada americana de prêmios, não
escaparam da coroação final.
O Oscar para Mirren foi merecido. A atriz já levou duas vezes o prêmio de atriz no Festival de Cannes ("Cal", em 1984, e
"As Loucuras do Rei George",
em 1994) e uma no Festival de
Veneza (por "A Rainha"). A
Academia já tinha indicado a
atriz duas vezes na categoria
coadjuvante ("As Loucuras do
Rei George" e "Assassinato em
Gosford Park", em 2001), mas
ainda lhe devia o prêmio.
Em "A Rainha", Mirren vive
o apogeu de sua carreira. É fato
que ela encontrou um papel
perfeito para o gosto dos acadêmicos, mas seu trabalho não se
limita a uma mera personificação de Elizabeth 2ª. Há, em sua
composição, um pensamento
sutil e uma bem dosada mistura
de doçura e crítica. Nada que
justificasse, porém, a louvação
à monarca que marcou seu discurso de agradecimento.
O Oscar de Forest Whitaker
só não foi tão merecido por dois
motivos: o filme pelo qual concorreu, "O Último Rei da Escócia", é muito fraco, e porque ele
concorria com Peter O'Toole,
em sua provável última chance
de ganhar um troféu de verdade (em 2003 a Academia lhe
concedeu um Oscar honorário,
que ele mesmo despreza).
Whitaker é um grande ator,
mas fez trabalhos infinitamente superiores em "Bird", de
Clint Eastwood, em que vivia o
saxofonista Charlie Parker, e
em "Traídos pelo Desejo", de
Neil Jordan. Apesar de ter ganhado Cannes com "Bird",
Whitaker nem sequer foi indicado por esses dois trabalhos.
Na pele do ditador de Uganda
Idi Amin, ele não resiste a certos clichês da representação da
África no cinema, a começar
pelo inglês com sotaque.
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