DA REPORTAGEM LOCAL

Ninguém pode questionar as credenciais do diretor deste "Retratos Brasileiros" dedicado a José Joffily: Roberto Bomtempo acompanha o cineasta desde o primeiro longa, "Urubus e Papagaios", de 1985. Com ele, rodou também "A Maldição do Sanpaku", (1991), "Quem Matou Pixote?" (1996), "Dois Perdidos numa Noite Suja" (2002) e outros. Daí ter acesso franqueado a histórias de bastidores e minúcias da concepção de cinema do retratado.
Como quando Joffily compara a fase inicial como documentarista (com títulos como "Praça Tiradentes" e "Copa Mixta") à incursão pela ficção: "Documentário se faz a partir da ignorância em certo assunto. Já na ficção, você fala muito mais do que ouve, sai esbagaçado."
Da produção da última década, focada -sobretudo na ficção- em vidas e personagens à margem da sociedade, ele diz se arrepender do tom de relatório de "Quem Matou Pixote", sobre a fugaz vida e morte do ator mirim Fernando Ramos da Silva; no campo documental, relembra a curiosidade pelos "jovens vocacionados" que o levou a rodar "O Chamado de Deus", sobre o avanço da igreja carismática, e "Vocação do Poder", sobre candidatos de primeira viagem. Ao fim, repassa o trabalho mais recente, "Achados e Perdidos", que recebeu críticas positivas da imprensa.