São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros OPINIÃO Acertos de contas definem os ganhadores das estatuetas ANDRÉ BARCINSKI CRÍTICO DA FOLHA "Será que eu mereci isso ou venci pela insistência?", perguntou Sandra Bullock a um teatro em delírio, ao receber seu Oscar de melhor atriz pelo constrangedor "Um Sonho Possível" (2009). Nenhum dos dois, Sandrinha: você ganhou a estatueta -batendo Helen Mirren e Meryl Streep- porque os 6.000 votantes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood decidiram que era a sua vez. Simples assim. Quem assistir à cerimônia de entrega do prêmio nesta noite já sabe o que esperar: discursos ensaiados, artistas fingindo surpresa com prêmios que estão carecas de saber que vão levar e ajustes de contas com atores e atrizes que ainda não tinham levado a estatueta. A apoteose do óbvio. O grande favorito da noite é "O Discurso do Rei", um filme absolutamente convencional e que traz diversos ingredientes que costumam agradar os votantes da Academia, como uma história de superação inspirada em fatos reais e um personagem que suplanta uma deficiência física para triunfar. O azarão é "A Rede Social", de David Fincher. "O Discurso do Rei" deve dar a Colin Firth o prêmio de melhor ator. Afinal, ele fez um esforço tremendo para interpretar um gago e nunca ganhou o Oscar (como sabemos, Hollywood adora dar boas-vindas ao seleto clube de donos de estatuetas). Mesmo destino deve ter Natalie Portman, por "Cisne Negro", outra que nunca ganhou. CONSOLAÇÃO Na categoria de melhor diretor, David Fincher deve ficar com o prêmio, o que seria uma espécie de consolação por perder a estatueta de melhor filme. O caso de Sandra Bullock é apenas um dos incontáveis absurdos perpetrados pelo Oscar, uma premiação que posa de termômetro de qualidade artística, mas que sempre foi mais um festival de popularidade e diplomacia. Como explicar que Bullock, Julia Roberts e Gwyneth Paltrow tenham estatuetas em casa, enquanto Marlene Dietrich, Mia Farrow, Deborah Kerr, Gena Rowlands e Barbara Stanwyck nunca tenham recebido? Ou que Kevin Costner, Mel Gibson e Ron Howard já tenham levado prêmios de melhor diretor, enquanto Lubitsch, Chaplin, Altman, Fellini, Hitchcock, Kurosawa e Orson Welles morreram sem levar o prêmio? Esse mistério, só o Oscar explica. Texto Anterior: Oscar aposta em casal de atores para cativar audiência jovem Próximo Texto: Inglesa diz que sentiu "medo do pessoal do lixão" no Rio Índice | Comunicar Erros

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