São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

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Série que investiga estilo 'botox' de vida chega a Miami

Franquia de "The Real Housewives" ambientada no sul da Flórida estreou semana passada na TV dos EUA

Imersão em cotidiano de esposas de atletas profissionais e outros ricaços se mostra uma fórmula já desgastada

GINIA BELLAFANTE
DO "NEW YORK TIMES"

Um dia, inevitavelmente, chegará o momento em que sua filhinha pequena lhe perguntará: "Mamãe, existe alguma diferença entre um "Housewives" e outro? Afinal, as donas de casa não são todas clientes do mesmo cirurgião plástico?".
Você sentirá o instinto de responder contra-intuitivamente: "De jeito nenhum, Sophie", você dirá. "A franquia "The Real Housewives" é um exercício antropológico que procura mostrar as maneiras diferentes em que mulheres ricas vivem em diferentes partes do país."
Sophie vai imediatamente desconfiar que você está falando bobagem e vai observar que, basicamente, mais ou menos 98% das donas de casa são mulheres de meia-idade com cabelões compridos e brincos enormes que tomam vinho em cálices extragrandes.
A visão que ela tem não chegou a ser desmentida pela edição mais recente da série da Bravo que investiga o estilo de vida botox, desta vez ambientada no sul da Flórida, onde reina o hedonismo e o consumo de álcool é quase profissional.
Sim, Sophie, agora já podemos acompanhar "The Real Housewives of Miami", e, nas palavras usadas por uma das mulheres na première do seriado, para descrever a vibe da cidade, "é só diversão, festa o dia inteiro, nada de trabalho".
Estas donas de casa fazem suas irmãs de Beverly Hills -com seus projetos filantrópicos, suas carreiras e sua criatividade suficiente para dar a seus filhos nomes como Pandora- parecerem Meryl Streep.
"The Real Housewives of Miami" expõe a cultura latina da cidade com estereótipos previsíveis. Uma das donas de casa é Alexia.
Não demora muito para Alexia identificar-se como "uma Barbie cubana" ou para Adriana, uma brasileira com um ex-marido suspeito, dar a impressão de possivelmente estar maluca.
Todas as mulheres têm egos gigantescos -maiores que seus talentos parecem justificar. O elenco é completado pela imprescindível Mulher de um Atleta Profissional, que, como bem sabem os espectadores de "The Real Housewives", é toda uma subespécie marital distinta. Somos apresentados a Larsa, casada com o ex-jogador dos Chicago Bulls Scottie Pippen -uma mulher que leva seu status de mulher-troféu tão a sério como se estivesse administrando a Microsoft.
"Sendo casada com Scottie, é praticamente obrigatório estar em forma e bonitinha", explica Larsa.
Neste momento, Sophie já terá desistido de discutir, porque a verdade, ela vai lhe dizer, é que "a fórmula de "Real Housewives" está ficando meio gasta. Para infundir vida nova na franquia, "The Real Housewives" teria que ser transferido para Cleveland, Reno ou Detroit. "The Real Housewives of Detroit" -isso, sim, seria interessante. As mulheres de executivos demitidos de montadoras de carro, antes acostumadas a gastar à mão solta, poderiam ser vistas recortando cupons de desconto de jornais. Sophie já prometeu que isso, sim, ela toparia assistir.

Tradução de CLARA ALLAIN.


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