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VANESSA VÊ TV
VANESSA BARBARA - vanessa.barbara@uol.com.br
Troca de família
"A COMIDA AQUI é péssima", diz
uma senhora num restaurante. "E
vêm em porções tão pequenas!""
A piada de Woody Allen se aplica
perfeitamente a alguns programas
de TV, como séries e telejornais
que, a despeito de serem ruins, são
também curtos demais.
O mesmo não se pode dizer do
reality show "Troca de Família" (Record, terças e quintas, às 23h), baseado no programa "Trading Spouses", da Fox. A versão brasileira é
duas vezes mais longa que a original: cada experiência é contada em
dois programas de 54 minutos.
Na atração, duas famílias fazem
um intercâmbio de mães por uma
semana, ganhando R$ 25 mil pela
participação. Cada uma delas decide como aplicar o dinheiro. "É angústia que não acaba mais", diz a
apresentadora Amanda Françozo.
Na quinta temporada, que começou dia 8, a escritora Clara Averbuck trocou com a estilista Daniela
McMullan, num episódio que levantou suspeitas de traição entre o marido de Clara e Daniela.
No episódio seguinte, foi a vez da
vegetariana Fernanda Tavares trocar de lugar com Adriana Silva, mulher de um peão de rodeio. Na série,
uma cigana já revezou com uma metódica, uma japonesa com uma naturista, uma palmeirense com uma
corintiana.
Duas coisas me incomodam: primeiro, saber que o programa é gravado com um ano de antecedência e
que, portanto, boa parte dos casais
já se separou -como Clara e também Gretchen que, meses após a
gravação, pediu o divórcio e desposou o 14º marido.
Se não há como agilizar o processo de edição, sugiro que acrescentem legendas atualizadas após os
créditos, como: "Dois meses depois,
Clodoaldo pediu o desquite e virou
ateu", ou "A pedidos da família,
Maria hoje toma medicamentos para tratar o chulé".
A segunda crítica se dirige às mulheres. Caso tivessem senso de oportunidade, elas podiam aproveitar a
humilhação em curso para praticar
uma saudável vingança.
A esposa sertaneja, por exemplo,
poderia obrigar a família da vegetariana a gastar o dinheiro numa
churrasqueira. Outra poderia mencionar em sua carta as "despesas
inevitáveis com a internação psiquiátrica de toda a família". E a japonesa poderia determinar que a
turma dos naturistas usasse todo o
valor do prêmio para abrir uma confecção de maiôs.
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