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Menos exuberante que fãs, Placebo se apresenta em SP
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Imitação é a maior forma de
lisonja", afirma Brian Molko à
Folha, quando indagado sobre
o que sente quando vê platéias
formadas por clones de seu
passado, quando cantava
"Nancy Boy" andrógino, hipermagro e maquiado.
Uma imagem cada vez mais
diferente da que deve apresentar hoje, no Credicard Hall, em
São Paulo. Anteontem, no Rio,
Molko estava levemente maquiado, vestindo roupas pretas.
Se havia alguma exuberância
glam, era a blusa de paetês do
baixista -e a platéia de adolescentes montados e maquiados.
"Acho legal e entendo porque
já fui um adolescente e sei que
essa idade é uma busca constante por identidade. É uma
honra ocupar esse tipo de importância, que é bem mais do
que a que realmente tenho."
Realmente, Molko continua
em um processo de esvaziamento da persona glam-extravagante que criou há dez anos,
quando estreou com "Placebo".
Antes a "filha que David Bowie nunca teve", conforme disse o próprio camaleão do pop,
hoje trata-se de um pai de família mais recatado, que diz não
querer mais jogar com a mídia.
"Não quero ser mais importante que minhas canções. É
uma opção consciente", afirma
o cantor e guitarrista. "Durante
muito tempo habitamos um
universo dirigido pela imagem,
e isso nos entediou."
Molko afirma que pretende
melhorar como artista, dominar mais o processo de criação.
"É um contínuo desejo de me
aprimorar, por uma busca de
simplicidade. "Em "Meds" [último álbum da banda], procurei
uma linguagem cada vez mais
coloquial, sem floreios, para
atingir profundidade."
Simpático ao telefone, de Paris, em entrevista feita há duas
semanas, Molko tem boas lembranças -e informações- do
Brasil, onde esteve em 2005 para uma turnê de oito shows.
Sem que a reportagem fizesse a tradicional pergunta "o que
você conhece de música brasileira?", ele declarou, antes de
desligar o telefone: "Preciso
contar uma coisa: adoro CSS [a
banda paulistana Cansei de Ser
Sexy]. Eu acho aquele álbum fenomenal".
Sobre a turnê, que passou por
oito cidades brasileiras e rebocava um concurso de bandas,
também se recorda, sem dar
muitos detalhes.
"Todos os shows foram muito bons, mas houve uma cidade,
não lembro qual, em que arremessavam muitas coisas ao
placo. Houve quem arremessasse sapatos. Ficamos com ele,
e a pessoa teve que mancar até
sua casa", diverte-se.
Neste mês, a banda fez o lançamento digital de "Covers",
disponível apenas pelo iTunes,
que inclui a versão de "Running
Up that Hill", de Kate Bush, que
estava na trilha de "The OC" e
"20th Century Boy", do seminal T. Rex, disponível na trilha
de "Velvet Goldmine".
Além disso, há versões acústicas exclusivas do iTunes, com
três canções do último álbum e
"Jackie", de Sinéad o'Connor.
Álbum de inéditas? "Só em
2008", afirma, sem pressa.
Na verdade, quem deve se
apressar é o público. No Rio, o
show começou na hora prevista, sem os tradicionais atrasos.
Ontem ainda havia ingressos
em todos os setores.
PLACEBO
Onde: Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.955, Vila Almeida, São Paulo, 0/xx/11/6846-6000)
Quando: hoje, às 21h30
Quanto: De R$ 80 a R$ 200 (meia-entrada de R$ 40 a R$ 100)
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