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Exposição repensa Geraldo de Barros
Destacado fotógrafo e nome ligado à arte concreta ganha exposição que traz lado "infantil" pouco exibido anteriormente
Centro Universitário Maria Antonia apresenta 50 trabalhos de Geraldo de Barros, entre fotografias, gravuras e desenhos
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
"A fotografia abstrata pode
atingir alturas musicais." Assim Geraldo de Barros (1923-1998) comenta sua série "Fotoformas", que ganha uma leitura menos usual a partir de hoje,
quando é aberta a exposição
"Fotoformas e Suas Margens",
no Centro Universitário Maria
Antonia, em São Paulo.
A curadora da mostra, Heloisa Espada, 33, usa como base
sua tese de mestrado na ECA-USP (Escola de Comunicações
e Artes da USP) e reúne 50
obras que repensam a "modernidade" de Barros. Ao lado de
Thomaz Farkas, German Lorca
e José Yalenti -também com
imagens na exposição-, Barros
é considerado um dos grandes
renovadores da fotografia brasileira. Como pintor, é ligado ao
grupo Ruptura, que, com uma
mostra no MAM-SP (Museu de
Arte Moderna de São Paulo)
em 1952, marca o início da arte
concreta no Brasil.
"A série "Fotoformas" é vista
muito como exemplo do caminho abstrato que Geraldo iria
trilhar com força, mas quero
realçar que ele produzia outras
coisas, que ficaram menos evidentes", explica a curadora.
"Apresento desenhos e gravuras em que é clara a influência que ele sofre do grupo abstrato do Rio, liderado pelo Mário Pedrosa [crítico de arte,
1900-1981], com um traço infantil e espontâneo, ligado às
experiências plásticas dos internos do Centro Psiquiátrico
de Engenho de Dentro."
Paul Klee
Essa produção "mais à moda
de Paul Klee [1879-1940, pintor
expressionista suíço]", segundo Espada, foi apresentada em
mostra individual no MAM
paulistano quatro meses antes
da ruidosa exposição do grupo
Ruptura.
Para referendar sua leitura, a
curadora apresenta dois desenhos de Raphael Domingues
(1913-1979), hoje pertencentes
ao Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio. "É incrível
como há semelhanças entre o
traço de Raphael e algumas
obras de Barros, como as garatujas presentes em imagens da
"Fotoformas'", diz ela.
No mesmo módulo, Espada
selecionou pinturas menos típicas, até algo ingênuas, de
Waldemar Cordeiro (1925-1973) e Luiz Sacilotto (1924-2003).
Para a curadora, a exposição
contribui para que haja mais
leituras não só da obra de Barros, mas do movimento construtivo brasileiro. "É muito batida a oposição entre o grupo paulista e os neoconcretos do
Rio, mas várias vezes suas produções convergiam."
Também serão exibidos documentos de época, como artigos de Waldemar Cordeiro e
Pietro Maria Bardi (1900-1999), além de registros da
montagem de "Fotoformas" no
Masp (Museu de Arte de São
Paulo), em 1950. Naquele ano,
o museu ainda estava sediado
no centro paulistano, na rua Sete de Abril.
"As imagens mostram como
Geraldo tentava inovar, expondo fotografias como objetos,
saltando do espaço, pregadas
em tubos desenhados por Lina
Bo Bardi", conta Espada.
Outra exposição
A galeria Brito Cimino exibirá no segundo semestre uma
"homenagem" a Barros, segundo uma das sócias do espaço,
Luciana Brito.
Ainda não estão definidos recorte e data da mostra. A galeria
acabou de vender duas imagens
da série "Fotoformas" para a
Tate Modern, um dos museus
mais importantes do mundo,
em Londres.
FOTOFORMAS E SUAS
MARGENS
Quando: abertura hoje, às 20h; de ter.
a sex., das 12h às 21h, e sáb., dom. e feriados, das 10h às 18h; até 1º/6
Onde: Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, tel. 0/
xx/11/3255-7182)
Quanto: entrada franca
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