São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Exposição repensa Geraldo de Barros

Destacado fotógrafo e nome ligado à arte concreta ganha exposição que traz lado "infantil" pouco exibido anteriormente

Centro Universitário Maria Antonia apresenta 50 trabalhos de Geraldo de Barros, entre fotografias, gravuras e desenhos

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

"A fotografia abstrata pode atingir alturas musicais." Assim Geraldo de Barros (1923-1998) comenta sua série "Fotoformas", que ganha uma leitura menos usual a partir de hoje, quando é aberta a exposição "Fotoformas e Suas Margens", no Centro Universitário Maria Antonia, em São Paulo.
A curadora da mostra, Heloisa Espada, 33, usa como base sua tese de mestrado na ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da USP) e reúne 50 obras que repensam a "modernidade" de Barros. Ao lado de Thomaz Farkas, German Lorca e José Yalenti -também com imagens na exposição-, Barros é considerado um dos grandes renovadores da fotografia brasileira. Como pintor, é ligado ao grupo Ruptura, que, com uma mostra no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) em 1952, marca o início da arte concreta no Brasil.
"A série "Fotoformas" é vista muito como exemplo do caminho abstrato que Geraldo iria trilhar com força, mas quero realçar que ele produzia outras coisas, que ficaram menos evidentes", explica a curadora. "Apresento desenhos e gravuras em que é clara a influência que ele sofre do grupo abstrato do Rio, liderado pelo Mário Pedrosa [crítico de arte, 1900-1981], com um traço infantil e espontâneo, ligado às experiências plásticas dos internos do Centro Psiquiátrico de Engenho de Dentro."

Paul Klee
Essa produção "mais à moda de Paul Klee [1879-1940, pintor expressionista suíço]", segundo Espada, foi apresentada em mostra individual no MAM paulistano quatro meses antes da ruidosa exposição do grupo Ruptura.
Para referendar sua leitura, a curadora apresenta dois desenhos de Raphael Domingues (1913-1979), hoje pertencentes ao Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio. "É incrível como há semelhanças entre o traço de Raphael e algumas obras de Barros, como as garatujas presentes em imagens da "Fotoformas'", diz ela.
No mesmo módulo, Espada selecionou pinturas menos típicas, até algo ingênuas, de Waldemar Cordeiro (1925-1973) e Luiz Sacilotto (1924-2003).
Para a curadora, a exposição contribui para que haja mais leituras não só da obra de Barros, mas do movimento construtivo brasileiro. "É muito batida a oposição entre o grupo paulista e os neoconcretos do Rio, mas várias vezes suas produções convergiam."
Também serão exibidos documentos de época, como artigos de Waldemar Cordeiro e Pietro Maria Bardi (1900-1999), além de registros da montagem de "Fotoformas" no Masp (Museu de Arte de São Paulo), em 1950. Naquele ano, o museu ainda estava sediado no centro paulistano, na rua Sete de Abril.
"As imagens mostram como Geraldo tentava inovar, expondo fotografias como objetos, saltando do espaço, pregadas em tubos desenhados por Lina Bo Bardi", conta Espada.

Outra exposição
A galeria Brito Cimino exibirá no segundo semestre uma "homenagem" a Barros, segundo uma das sócias do espaço, Luciana Brito.
Ainda não estão definidos recorte e data da mostra. A galeria acabou de vender duas imagens da série "Fotoformas" para a Tate Modern, um dos museus mais importantes do mundo, em Londres.


FOTOFORMAS E SUAS MARGENS
Quando:
abertura hoje, às 20h; de ter. a sex., das 12h às 21h, e sáb., dom. e feriados, das 10h às 18h; até 1º/6
Onde: Centro Universitário Maria Antonia (r. Maria Antonia, 294, tel. 0/ xx/11/3255-7182)
Quanto: entrada franca


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