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Crítica
"Button" revela a precariedade humana
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Um dos paradoxos da existência humana é que, quando
um homem se sente pronto para viver a vida, a morte vem encontrá-lo.
O que será isso? Ao longo da
vida a pessoa acumula experiência, refaz caminhos, corrige
possíveis defeitos de caráter.
Mas não pode exercitar essa sabedoria: seu tempo passou implacavelmente.
"O Curioso Caso de Benjamin Button" (HBO, 21h; 14
anos) nos leva a um tipo inusitado de experiência, sob a égide
do escritor Scott Fitzgerald:
Benjamin é o homem que nasce velho, muito velho.
E que, ao longo da vida, vai
rejuvenescer até chegar à sua
própria infância.
Seu trajeto é o oposto ao de
todos os outros homens.
Talvez Fitzgerald quisesse
nos lembrar, em seu conto em
que este filme é baseado, da
precariedade da vida humana,
não importa a ordem em que
aconteça.
Nascer com muitos conhecimentos não altera a vastidão
inclemente de nossas deficiências. Talvez, também, esses
conceitos fossem muito abstratos para se transformar em
imagens fortes.
Daí não ser surpreendente
que, num ano horroroso do Oscar, "Button" só ficou com prêmios secundários.
Daí para o esquecimento não
parece ser um passo muito
grande.
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