"Tu Toca o Quê" mistura cantigas de roda, Noel Rosa, histórias e encenação

O grupo Tiquequê nasceu da brincadeira das primas que, quando crianças, fizeram parte do primeiro CD do selo infantil Palavra Cantada

ANA PAULA SOUSA
DA REPORTAGEM LOCAL

Diana e Isabel Tatit eram ainda crianças quando o selo Palavra Cantada nasceu, em 1994. Para elas, o alvoroço de estúdio era, apenas, mais uma brincadeira engendrada pela família afeita às artes e cantigas. Foi quase como se brincassem que emprestaram suas vozes a uma faixa do CD "Canções de Ninar", o primeiro da dupla Sandra Peres e Paulo Tatit.
A historieta está na origem não só da primeira gravação de duas das inventoras do quarteto Tiquequê, mas também de um gênero que, devagar, conquista um cantinho ao sol no mercado de música infantil.
Em cartaz com o espetáculo "Tu Toca o Quê", o grupo é fruta caída do pé dos Tatit. "Somos cinco primas e, desde pequenas, brincávamos de cantar e fazer teatro", conta Diana Tatit, 27. O tempo passou, as meninas cresceram, o sobrenome virou grife. Das cinco primas, restaram duas no grupo: Diana e Isabel. A elas se juntaram Ângelo Mundy e Wen.
Da infância e da cartilha familiar ficaram o gosto por cantigas de roda, os objetos fazendo as vezes de instrumento musical, o corpo tornado percussão, as histórias cantadas e as músicas contadas. E essa mescla deixa vidradas as crianças. Das cantigas de roda, como "Roda Pião", à dupla Noel Rosa e João de Barro de "Prato Fundo", o espetáculo tira do passado o que ele tem de atemporal e das letras ingênuas o que elas têm de travessura. "Queríamos músicas que, apesar de conhecidas, não fossem muito cantadas", diz Diana, lembrando de "Trem de Ferro" e "Sabiá".

Espaço ideal
Foram essas canções que, no último sábado, fizeram os adultos presentes ao Alfa batucar os pés no chão. Tatit admite que, habituada às festas infantis, surpreendeu-se com a lotação do teatro no final de semana passado. "Acho que é resultado do espaço que o Palavra Cantada abriu, do nome Tatit, e também do público que criamos nas festas nestes anos", diz.
Nos "buffets", no lugar do cenário, havia três banquetas e uma cesta com badulaques. No lugar do silêncio, o barulho dos brinquedos e o ti-ti-ti de alguns pais. "No teatro, os detalhes se tornam muito mais visíveis. Ainda é o espaço ideal para a expressão artística."