São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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Cariocas invadem palcos de São Paulo
Sem atores globais, três espetáculos experimentais do Rio estão em cartaz na cidade

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Desembarcou nos últimos dias em terras paulistas um punhado de exemplares do teatro carioca, lado B. Desta vez, nada de atores globais, nada de teatrão.
O que está por aí, com a Companhia dos Atores, a Atores de Laura e o grupo Físico de Teatro, é uma seleção capciosa de grupos experimentais.
As duas primeiras estreias aconteceriam neste fim de semana. A Atores de Laura, fundada há 17 anos, está no teatro do Sesc Ipiranga com a peça "Adultério".
É uma criação que tem dramaturgia desenhada a partir de improvisos de todo o elenco, com base no universo do autor italiano Luigi Pirandello (1867-1936).
Como o título entrega, adultério é o tema central, que se desenvolve numa colagem de histórias cômicas, relacionadas entre si por uma espécie de jogo.
O personagem de um enredo pode, por exemplo, aparecer em uma narrativa vizinha como personagem de um livro ou como um simples pensamento.
Por meio dessa ferramenta é que se desenvolve o espírito pirandelliano que embaralha noções de realidade e ficção, diz o diretor da companhia, Daniel Herz.

TEATRO PÓS-DRAMÁTICO
O espetáculo "Devassa", com a Companhia dos Atores, está em cartaz desde sexta, no Sesc Consolação.
O grupo fundamentou uma das mais expressivas pesquisas sobre o teatro pós-dramático, com exercícios moldados a partir da presença e da personalidade dos próprios atores.
Agora sob o comando da diretora convidada Nehle Franke, representa texto de Frank Wedekind (1864-1918) em um campo mais próximo do tradicional.
"Devassa" é sobre uma mulher chamada Lulu, ladra e prostituta que se casa várias vezes e arrasa, inclusive com a morte, a vida de todos os seus maridos.
Reescrito algumas vezes pelo autor alemão, a versão apresentada é a primeira publicada, a "mais crua delas", diz Franke.
O grupo Físico estreia "Savana Glacial", no Sesc Belenzinho, na próxima terça. O texto da montagem, assinado por Jô Bilac, foi um dos vencedores do Prêmio Shell do Rio, anunciado na quarta.
Também costura improvisações do elenco, em que os personagens são desenhados antes de qualquer esboço narrativo.
"Nós já tínhamos os papéis, mas não fazíamos ideia de para onde a histórias deles iriam", diz Renato Carrera. Assim como Bilac, Carrera não pertence à companhia.
Foi convidado por Camila Gama e Renato Livera, que fundaram o grupo em 2006.


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