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CINEMA
Em Recife, polêmica deve ser resolvida nos tribunais; em Curitiba, o atraso de pagamento já chega a um ano
Festivais não pagam prêmios a vencedores
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
O 3º Festival de Cinema Nacional
de Recife deveria ter terminado no
domingo passado na capital de
Pernambuco. Mas vai acabar num
tribunal.
O 3º Festival de Cinema e Vídeo
de Curitiba deve começar em 4 de
maio. Mas pode sofrer boicote de
diretores que ameaçam, inclusive,
processar os organizadores.
Nos dois casos, a disputa se dá
por falta de pagamentos de prêmios. Em Recife, o prêmio reclamado é de R$ 50 mil. Em Curitiba,
o problema é de R$ 55 mil.
A disputa em Recife é entre o diretor do longa-metragem vencedor, Marcelo Masagão, e o organizador do festival, Alfredo Bertini.
A polêmica é a própria existência
do prêmio de R$ 50 mil.
"Eles divulgaram o prêmio nos
jornais. Agora dizem que nunca
existiu. Não se acha R$ 50 mil na
esquina. Por isso já contatei um
advogado recifense e vou entrar na
Justiça", afirmou Masagão, que
venceu o festival com seu longa de
estréia, "Nós que Aqui Estamos,
por Vós Esperamos".
"Vou processá-lo por calúnia e
difamação", rebateu o organizador Alfredo Bertini. "Já tentei explicar para ele que foi um erro de
assessoria de imprensa. Todo
mundo está sujeito a errar."
O fato é que a existência do prêmio foi noticiada em diversos jornais, inclusive de São Paulo, mas
não está no regulamento do festival. Três assessoras de imprensa
do festival -eram cinco- afirmaram que o texto enviado aos
jornais foi aprovado por Bertini,
que nega tê-lo visto.
"Não tenho tempo para ler jornais. Esse cara está querendo me
chantagear por uma informação
que saiu errada e não foi desmentida. Quer aparecer", afirmou.
Além de quatro troféus Passista
(melhor filme, melhor filme pelo
voto popular, roteiro e montagem), Masagão recebeu R$ 60 mil
em serviços oferecidos pela finalizadora Casablanca.
O problema com Masagão não
foi o único do festival. O diretor
Fernando Coster, por exemplo, subiu ao palco em Recife para receber dois prêmios por seu curta
"Amassa Que Elas Gostam": melhor animação e melhor ficção pelo
voto do público.
Mas o resultado oficial diz outra
coisa: melhor animação e prêmio
especial do júri. "Mudaram na última hora a categoria do meu curta-metragem", disse Coster, que recebeu um dos troféus sem a plaqueta
que possibilita identificar qual dos
prêmios realmente recebeu.
Curitiba
Já o festival de Curitiba deve, desde o ano passado, cerca de R$ 55
mil para 25 diretores, atores e técnicos vencedores da edição de 98.
A organizadora Cloris Souza Ferreira afirma que o dinheiro, obtido
por meio da lei do mecenato, havia
sido aprovado pelo Ministério da
Cultura, mas não foi repassado.
"Acho que foi por causa das eleições. Mas vamos pagar antes do
início do próximo festival, em
maio", afirmou Cloris.
Diversos diretores, entretanto, já
se organizam. A diretora de fotografia Andréa Scansani, que deveria ter ganhado R$ 1.500, tem
pronta uma carta em que comunica ao festival o início de uma ação
judicial. "Vamos aguardar até
maio", disse. O diretor Paulo Weidebach coordena um abaixo-assinado para enviar à imprensa.
E a associação dos documentaristas do Rio propõe a retirada de
todos os filmes do festival caso os
prêmios não sejam pagos.
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