São Paulo, Sábado, 27 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CINEMA
Em Recife, polêmica deve ser resolvida nos tribunais; em Curitiba, o atraso de pagamento já chega a um ano
Festivais não pagam prêmios a vencedores

IVAN FINOTTI
da Reportagem Local

O 3º Festival de Cinema Nacional de Recife deveria ter terminado no domingo passado na capital de Pernambuco. Mas vai acabar num tribunal.
O 3º Festival de Cinema e Vídeo de Curitiba deve começar em 4 de maio. Mas pode sofrer boicote de diretores que ameaçam, inclusive, processar os organizadores.
Nos dois casos, a disputa se dá por falta de pagamentos de prêmios. Em Recife, o prêmio reclamado é de R$ 50 mil. Em Curitiba, o problema é de R$ 55 mil.
A disputa em Recife é entre o diretor do longa-metragem vencedor, Marcelo Masagão, e o organizador do festival, Alfredo Bertini. A polêmica é a própria existência do prêmio de R$ 50 mil.
"Eles divulgaram o prêmio nos jornais. Agora dizem que nunca existiu. Não se acha R$ 50 mil na esquina. Por isso já contatei um advogado recifense e vou entrar na Justiça", afirmou Masagão, que venceu o festival com seu longa de estréia, "Nós que Aqui Estamos, por Vós Esperamos".
"Vou processá-lo por calúnia e difamação", rebateu o organizador Alfredo Bertini. "Já tentei explicar para ele que foi um erro de assessoria de imprensa. Todo mundo está sujeito a errar."
O fato é que a existência do prêmio foi noticiada em diversos jornais, inclusive de São Paulo, mas não está no regulamento do festival. Três assessoras de imprensa do festival -eram cinco- afirmaram que o texto enviado aos jornais foi aprovado por Bertini, que nega tê-lo visto.
"Não tenho tempo para ler jornais. Esse cara está querendo me chantagear por uma informação que saiu errada e não foi desmentida. Quer aparecer", afirmou.
Além de quatro troféus Passista (melhor filme, melhor filme pelo voto popular, roteiro e montagem), Masagão recebeu R$ 60 mil em serviços oferecidos pela finalizadora Casablanca.
O problema com Masagão não foi o único do festival. O diretor Fernando Coster, por exemplo, subiu ao palco em Recife para receber dois prêmios por seu curta "Amassa Que Elas Gostam": melhor animação e melhor ficção pelo voto do público.
Mas o resultado oficial diz outra coisa: melhor animação e prêmio especial do júri. "Mudaram na última hora a categoria do meu curta-metragem", disse Coster, que recebeu um dos troféus sem a plaqueta que possibilita identificar qual dos prêmios realmente recebeu.

Curitiba
Já o festival de Curitiba deve, desde o ano passado, cerca de R$ 55 mil para 25 diretores, atores e técnicos vencedores da edição de 98.
A organizadora Cloris Souza Ferreira afirma que o dinheiro, obtido por meio da lei do mecenato, havia sido aprovado pelo Ministério da Cultura, mas não foi repassado. "Acho que foi por causa das eleições. Mas vamos pagar antes do início do próximo festival, em maio", afirmou Cloris.
Diversos diretores, entretanto, já se organizam. A diretora de fotografia Andréa Scansani, que deveria ter ganhado R$ 1.500, tem pronta uma carta em que comunica ao festival o início de uma ação judicial. "Vamos aguardar até maio", disse. O diretor Paulo Weidebach coordena um abaixo-assinado para enviar à imprensa.
E a associação dos documentaristas do Rio propõe a retirada de todos os filmes do festival caso os prêmios não sejam pagos.


Texto Anterior: Outro canal - Patricia Decia: Ameaça de mais cortes aumenta tensão no SBT
Próximo Texto: Festival: Índios camaiurás são destaque no Percpan
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.