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Tom Zé mostra sua subversão de graça
especial para a Folha
O compositor e cantor Tom Zé
retorna aos palcos de São Paulo
para disparar suas desgarradas
idéias musicais em mordazes descompassos de irônicos repentes.
Suas canções têm estranhezas e
desafios à imaginação.
Tom Zé faz arrastão nos parâmetros da música popular, via
erudição formada em timbres
modernos e contemporâneos.
Com cortes e irrupções vocabulares, estudou samba e outros ritmos para subverter códigos em
original processamento de dados
e sonoridades brutalistas. Mental
e sensorial, sua música é ginga nas
ancas (bateria) e batuque na cabeça (cabaça). Com graça, a mistura
arretada engrossa o caldo dissonante da voz, com farinha percussiva e carne de cordas.
O show traz peças inéditas, outras nunca gravadas, faixas do cd
"Com Defeito de Fabricação" e
surpresas. Jardineiro da música,
Zé é exímio imprevisível (pelo caráter didático do contexto, podia
cantar as antigas "Namorinho de
Portão", "Sabor de Burrice" ou as
que fez com os Mutantes - "2001",
"Qualquer Bobagem").
Para ele, que provou do exílio e
do venal mercado (voltou à indústria do disco pelas antenas de
David Byrne nos anos 90), nosso
grande "defeito" é "ousar, pensar,
dançar". Jovens platéias têm se
encantado com a carga da indignação crítica (estética e social) do
Tom Zé. "Beleza demais é contravenção", diz.
(CARLOS ADRIANO)
Show: Tom Zé
Quando: hoje, às 20h
Onde: Universidade Anhembi-Morumbi (r. Dr. Almeida Lima, 900, tel. 0800-159020)
Quanto: grátis
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