São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2000


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Romances vão de Joyce e Bernhard ao mestre do policial James Ellroy
Narrativas para todas as bocas

JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas

Há romances para todos os paladares na Bienal deste ano. Quem procura a mais alta literatura encontrará pelo menos dois títulos indispensáveis: "Extinção", de Thomas Bernhard (Cia. das Letras), e o segundo volume da tradução do "Finnegans Wake/Finnicius Revém" (Ateliê), de James Joyce, empreendida pelo professor Donaldo Schuler.
"Extinção" é o último e um dos mais ambiciosos romances do austríaco Bernhard, um dos grandes escritores da segunda metade do século. Narrado numa prosa obsessiva em que a lucidez extrema faz fronteira com a alucinação, o livro coloca em cena um intelectual austríaco em conflito com sua herança (em mais de um sentido) familiar e nacional.
"Finnicius Revém" dá prosseguimento à corajosa e hercúlea tarefa de traduzir o intraduzível "Finnegans Wake", uma das obras mais complexas da literatura mundial, por sua permanente invenção linguística e sintática. De acordo com os especialistas, Donaldo Schuler está vencendo esplendidamente o desafio.
Para o leitor mais atraído pela violência urbana e seus arredores, há desde "O Clube da Luta" (Nova Alexandria), romance de Chuck Palahniuk que deu origem ao filme homônimo, até o policial "Dália Negra" (Record), de James Ellroy, autor de "Los Angeles - Cidade Proibida".
Ainda no departamento dos romances policiais que alimentaram o cinema, há o semiclássico "A Marca da Maldade" (Record), de Whit Masterson (pseudônimo da dupla Robert Wade e Bill Miller), do qual Orson Welles extraiu um de seus maiores filmes.
Entre os brasileiros, uma curiosidade é a estréia na ficção de dois jornalistas, João Gabriel de Lima e Paulo Roberto Pires. O primeiro publica "O Burlador de Sevilha" (Companhia das Letras), história de amor contemporânea que brinca com o mito de "Don Juan". Pires, por sua vez, conta em "Do Amor Ausente" (Rocco) uma história de desamor: um jovem editor, depois de ser abandonado pela mulher, dedica-se a destruir todos os seus laços afetivos.
Há ainda "Aspades, ETs etc." (Record), de Fernando Monteiro, de estrutura ambiciosa, que dialoga com o cinema e com a tradição do romance psicológico. Digno de nota também é o lançamento de "A Geração da Utopia" (Nova Fronteira), do angolano Pepetela, recriação da trajetória dos jovens que, depois de estudar em Lisboa, fizeram a guerra de libertação de Angola.



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