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Romances vão de Joyce e Bernhard ao mestre do policial James Ellroy
Narrativas para todas as bocas
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Há romances para todos os paladares na Bienal deste ano.
Quem procura a mais alta literatura encontrará pelo menos dois
títulos indispensáveis: "Extinção", de Thomas Bernhard (Cia.
das Letras), e o segundo volume
da tradução do "Finnegans Wake/Finnicius Revém" (Ateliê), de
James Joyce, empreendida pelo
professor Donaldo Schuler.
"Extinção" é o último e um dos
mais ambiciosos romances do
austríaco Bernhard, um dos grandes escritores da segunda metade
do século. Narrado numa prosa
obsessiva em que a lucidez extrema faz fronteira com a alucinação, o livro coloca em cena um intelectual austríaco em conflito
com sua herança (em mais de um
sentido) familiar e nacional.
"Finnicius Revém" dá prosseguimento à corajosa e hercúlea tarefa de traduzir o intraduzível
"Finnegans Wake", uma das
obras mais complexas da literatura mundial, por sua permanente
invenção linguística e sintática.
De acordo com os especialistas,
Donaldo Schuler está vencendo
esplendidamente o desafio.
Para o leitor mais atraído pela
violência urbana e seus arredores,
há desde "O Clube da Luta" (Nova Alexandria), romance de
Chuck Palahniuk que deu origem
ao filme homônimo, até o policial
"Dália Negra" (Record), de James
Ellroy, autor de "Los Angeles - Cidade Proibida".
Ainda no departamento dos romances policiais que alimentaram o cinema, há o semiclássico
"A Marca da Maldade" (Record),
de Whit Masterson (pseudônimo
da dupla Robert Wade e Bill Miller), do qual Orson Welles extraiu um de seus maiores filmes.
Entre os brasileiros, uma curiosidade é a estréia na ficção de dois
jornalistas, João Gabriel de Lima e
Paulo Roberto Pires. O primeiro
publica "O Burlador de Sevilha"
(Companhia das Letras), história
de amor contemporânea que
brinca com o mito de "Don Juan".
Pires, por sua vez, conta em "Do
Amor Ausente" (Rocco) uma história de desamor: um jovem editor, depois de ser abandonado pela mulher, dedica-se a destruir todos os seus laços afetivos.
Há ainda "Aspades, ETs etc."
(Record), de Fernando Monteiro,
de estrutura ambiciosa, que dialoga com o cinema e com a tradição
do romance psicológico. Digno
de nota também é o lançamento
de "A Geração da Utopia" (Nova
Fronteira), do angolano Pepetela,
recriação da trajetória dos jovens
que, depois de estudar em Lisboa,
fizeram a guerra de libertação de
Angola.
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