|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
JAZZ
Centenário do trompetista, que nasceu na cidade, marca a 32ª edição do festival, que começa hoje nos EUA
Nova Orleans homenageia o "filho" Louis Armstrong
CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Louis Armstrong (1901-1971),
jazzista que marcou a música do
último século, será o principal homenageado do 32º New Orleans
Jazz & Heritage Festival, que começa hoje, na cidade mais musical da Louisiana (EUA). Um dos
maiores e mais variados eventos
do gênero no mundo, o festival
atraiu 514 mil espectadores no
ano passado.
Esse número é proporcional ao
caráter faraônico do evento. Cerca de 500 atrações (entre bandas,
coros e orquestras) vão se apresentar em 12 palcos durante os sete dias da programação ao ar livre,
que acontece de hoje a domingo e
de 3 a 6 de maio, nas dependências do Fair Grounds, o hipódromo de Nova Orleans.
"No ano em que o centenário de
Louis Armstrong está concentrando tantas atenções sobre Nova Orleans e suas contribuições
culturais, o festival vai honrar essa
tradição dando continuidade a
ela", diz Quint Davis, produtor e
também diretor artístico do evento.
As homenagens ao músico mais
carismático já nascido na cidade
começam hoje. O clarinetista Michael White comanda uma reconstituição dos lendários Hot 5 e
Hot 7 (grupos de jazz tradicional
que Armstrong liderou nos anos
20), com Nicholas Payton tocando o trompete.
O tributo de amanhã parte de
Nova York. Liderada pelo trompetista Jon Faddis, a Carnegie Hall
Jazz Band mostra o lado orquestral do legado de Louis Armstrong, exibindo arranjos para big
band.
Já no domingo a orquestra nova-iorquina volta a se apresentar
com um convidado muito especial: o veterano trompetista Clark
Terry.
Ainda no domingo outro culto
musical ao mestre do jazz será comandado por alguns de seus ex-parceiros, como o baixista Arvell
Shaw, o clarinetista Joe Muranyi e
o saxofonista Franz Jackson, reunidos na banda The Armstrong
Alumni All-Stars.
Segunda semana
Já segunda semana do festival, a
principal homenagem ficará por
conta do New Orleans Trumpet
Tribute, que acontece no dia 5 de
maio.
Trata-se do encontro de alguns
dos melhores trompetistas da cidade, caso de Irvin Mayfield, Gregory "Blodie" Davis, Marlon Jordan e Christian Scott.
A vida e a influência musical do
maior trompetista de Nova Orleans também serão rememoradas em um ciclo de exposições,
exibições de vídeos, palestras e
debates, que vão acontecer no Pavilhão Louis Armstrong, instalado na área de eventos do Fair
Grounds.
Foi nesse mesmo local que
aconteceram as homenagens ao
Brasil, no ano passado, sob o pretexto da comemoração dos 500
anos do Descobrimento. Os debates e exposições foram reforçados
por shows de Hermeto Pascoal,
Chico César, Cascabulho e Ilê
Ayiê, entre outros.
Neste ano a presença brasileira
no evento é mais reduzida. Além
da pernambucana Dona Selma do
Coco, que se apresenta nos dias 5
e 6, a dupla Chiko Queiroga e Antônio Rogério, de Sergipe, mostra
suas canções no encerramento do
programa de hoje, no palco Congo Square.
Com os 12 palcos funcionando
simultaneamente, das 11h às 19h,
o festival transforma-se em uma
espécie de maratona de shows de
diversos gêneros: pop, blues, soul,
funk, gospel, R&B, ritmos africanos e caribenhos.
O ingresso (vendido a US$ 20
nas bilheterias) permite assistir a
todas as atrações do dia.
Astros pop
Obviamente, os shows mais disputados do festival serão os de astros da música pop, que chegam a
reunir até 70 mil pessoas, no palco
Acura.
Entre os figurões desta edição,
estão o soulman Al Green (destaque de hoje da programação), o
cantor e compositor irlandês Van
Morrison, o norte-americano
Paul Simon e as bandas de rock
The Wallflowers (liderada por Jakob Dylan, o filho de Bob Dylan),
Widespread Panic e Dave Matthews Band.
Sem falar no apelo de bandas locais, que costumam eclipsar até
atrações internacionais, como
Neville Brothers, Funky Meters,
Dr. John, Brian Lee & Blues Power Band, Marva Wright &
BMWs e Walter Wolfman &
Roadmasters.
Carlos Calado é crítico de música, autor
de "O Jazz como Espetáculo" e "Tropicália - A História de uma Revolução Musical", entre outros
Texto Anterior: Erika Palomino: Educação eletrônica forma primeira turma no Brasil Próximo Texto: Destaques Índice
|