São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2001

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TEATRO

Ícone do moderno musical americano, compositor viu montagem da dupla Botelho e Möeller, que estréia hoje em SP

"Company" tem "bênção" de Sondheim

VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Espetáculo musical nova-iorquino por excelência, mas universal na mesma medida por tratar das agruras e alegrias do casamento, "Company" chega hoje a São Paulo, no teatro Alfa, vindo de temporada carioca encerrada na semana passada e coroada pela presença do compositor americano Stephen Sondheim, 71, na platéia do teatro Villa-Lobos.
Claudio Botelho, 33, que verteu as canções para o português e protagoniza a comédia musical, e Charles Möeller, 33, que assina a direção, não dissimulam orgulho.
"Foi uma bênção", diz Möeller, ainda pasmo com a visita do mítico Sondheim, que teria elogiado a montagem. Esquivo a entrevistas, trata-se do nome mais importante do moderno teatro musical.
"Depois dele, quem mais pode nos amedrontar na platéia? Shakespeare?", afirma o diretor, no afã de dimensionar a importância do ilustre visitante ao Brasil, país que há cerca de dois anos começou a dar seus primeiros passos rumo a uma produção contínua de espetáculos do gênero, culminando com a recente estréia nacional de "Les Misérables" em São Paulo, orçado em US$ 3,5 milhões (cerca de R$ 7 milhões); "Company" custou R$ 500 mil.
Botelho diz que atravessa o melhor momento da carreira, iniciada há 15 anos, praticamente toda ela dedicada aos musicais. Testemunhou momentos em que o gênero não desfrutava do glamour da vez, ao contrário, enfrentava patrulhamento sobretudo da classe artística.
"Nunca queimei etapas, fiz muitas boates", diz Botelho, para quem a repercussão do seu trabalho é consequência dessa experiência, "não é oportunismo".
Além de estrelar "Company", ele é versionista de "Les Misérables" e de "O Beijo da Mulher Aranha", este também em cartaz.
A parceria com Möeller ("As Malvadas", "Cole Porter - Ele Nunca Disse que me Amava" etc.) nasceu há 11 anos e formou como que um tripé com a atriz Claudia Netto, com quem Botelho contracenou em "Na Batida do Teu Coração", por exemplo.
Para o ator, a atualidade de "Company", que estreou em Nova York há 31 anos, está em seu formato antimusical, por assim dizer, na medida que as canções de Sondheim e os textos de George Furth injetam densidade psicológica nos personagens, contrapondo à comédia trivial, ligeira.
"O musical desafia o público não só no formato, mas também no conteúdo. Sondheim disse certa vez que gostaria que o espectador risse muito em "Company", mas fosse para casa depois e não conseguisse dormir", diz Botelho. "É divertidamente amargo."
À sinopse: Robert (Botelho) é um solteirão cujos melhores amigos são cinco casais. No aniversário de 35 anos, ele revisita, no plano da memória, as relações em questão e seus próprios romances com três namoradas.
O espetáculo discorre sobre esses momentos, a personalidade de cada um dos envolvidos, homens ou mulheres. Como nas tragédias gregas, os casais são como coros e observam-se uns aos outros. Lançam comentários, críticas, invariavelmente disputam a amizade de Robert, ora invejando-o pela condição de solteiro (e liberdade presumida), ora convencendo-o ao matrimônio.
Num cenário prateado, em dois planos, assinado por Möeller, 14 atores-cantores interpretam as 15 canções de "Company" (arranjos e orquestração originais de Jonathan Tunick). O acompanhamento é feito por uma orquestra de 12 músicos, regida por André Góes.


COMPANY - Música e letras de Stephen Sondheim. Texto: George Furth. Direção: Charles Möeller. Com: Cidália Castro, Daniel Boaventura, Doriana Mendes, Mauro Gorini, Patrícia Levy, Raul Serrador e outros. Teatro Alfa (r. Bento Branco de Andrade Filho, 722, Santo Amaro, tel. 0/xx/11/5693-4000). Estréia hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h. De R$ 15 a R$ 35. Até 20 de maio. Patrocinador: BR Petrobras.



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