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TEATRO
Ícone do moderno musical americano, compositor viu montagem da dupla Botelho e Möeller, que estréia hoje em SP
"Company" tem "bênção" de Sondheim
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Espetáculo musical nova-iorquino por excelência, mas universal na mesma medida por tratar
das agruras e alegrias do casamento, "Company" chega hoje a
São Paulo, no teatro Alfa, vindo
de temporada carioca encerrada
na semana passada e coroada pela
presença do compositor americano Stephen Sondheim, 71, na platéia do teatro Villa-Lobos.
Claudio Botelho, 33, que verteu
as canções para o português e
protagoniza a comédia musical, e
Charles Möeller, 33, que assina a
direção, não dissimulam orgulho.
"Foi uma bênção", diz Möeller,
ainda pasmo com a visita do mítico Sondheim, que teria elogiado a
montagem. Esquivo a entrevistas,
trata-se do nome mais importante do moderno teatro musical.
"Depois dele, quem mais pode
nos amedrontar na platéia? Shakespeare?", afirma o diretor, no
afã de dimensionar a importância
do ilustre visitante ao Brasil, país
que há cerca de dois anos começou a dar seus primeiros passos
rumo a uma produção contínua
de espetáculos do gênero, culminando com a recente estréia nacional de "Les Misérables" em São
Paulo, orçado em US$ 3,5 milhões
(cerca de R$ 7 milhões); "Company" custou R$ 500 mil.
Botelho diz que atravessa o melhor momento da carreira, iniciada há 15 anos, praticamente toda
ela dedicada aos musicais. Testemunhou momentos em que o gênero não desfrutava do glamour
da vez, ao contrário, enfrentava
patrulhamento sobretudo da classe artística.
"Nunca queimei etapas, fiz muitas boates", diz Botelho, para
quem a repercussão do seu trabalho é consequência dessa experiência, "não é oportunismo".
Além de estrelar "Company",
ele é versionista de "Les Misérables" e de "O Beijo da Mulher
Aranha", este também em cartaz.
A parceria com Möeller ("As
Malvadas", "Cole Porter - Ele
Nunca Disse que me Amava" etc.)
nasceu há 11 anos e formou como
que um tripé com a atriz Claudia
Netto, com quem Botelho contracenou em "Na Batida do Teu Coração", por exemplo.
Para o ator, a atualidade de
"Company", que estreou em Nova York há 31 anos, está em seu
formato antimusical, por assim
dizer, na medida que as canções
de Sondheim e os textos de George Furth injetam densidade psicológica nos personagens, contrapondo à comédia trivial, ligeira.
"O musical desafia o público
não só no formato, mas também
no conteúdo. Sondheim disse certa vez que gostaria que o espectador risse muito em "Company",
mas fosse para casa depois e não
conseguisse dormir", diz Botelho.
"É divertidamente amargo."
À sinopse: Robert (Botelho) é
um solteirão cujos melhores amigos são cinco casais. No aniversário de 35 anos, ele revisita, no plano da memória, as relações em
questão e seus próprios romances
com três namoradas.
O espetáculo discorre sobre esses momentos, a personalidade
de cada um dos envolvidos, homens ou mulheres. Como nas tragédias gregas, os casais são como
coros e observam-se uns aos outros. Lançam comentários, críticas, invariavelmente disputam a
amizade de Robert, ora invejando-o pela condição de solteiro (e
liberdade presumida), ora convencendo-o ao matrimônio.
Num cenário prateado, em dois
planos, assinado por Möeller, 14
atores-cantores interpretam as 15
canções de "Company" (arranjos
e orquestração originais de Jonathan Tunick). O acompanhamento é feito por uma orquestra de 12
músicos, regida por André Góes.
COMPANY - Música e letras de Stephen
Sondheim. Texto: George Furth. Direção:
Charles Möeller. Com: Cidália Castro,
Daniel Boaventura, Doriana Mendes,
Mauro Gorini, Patrícia Levy, Raul
Serrador e outros. Teatro Alfa (r. Bento
Branco de Andrade Filho, 722, Santo
Amaro, tel. 0/xx/11/5693-4000). Estréia
hoje, às 21h; sex. e sáb., às 21h; dom., às
18h. De R$ 15 a R$ 35. Até 20 de maio.
Patrocinador: BR Petrobras.
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