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MÚSICA
Setor jurídico do Festival Claro que É Rock troca três grupos da abertura da apresentação da banda, hoje, em SP
Briga jurídica tira bandas de show pré-Placebo
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O tão esperado show do Placebo, hoje, a partir das 21h, no Credicard Hall, começa com duas
inesperadas mudanças no Festival Claro que É Rock. O departamento jurídico da empresa de telefonia que dá nome ao concurso
de bandas a reboque do grupo inglês eliminou mais dois dos cinco
grupos inicialmente selecionados
para a etapa paulista.
Depois do combo Pullovers e
Geanine Marques, que fora eliminado há pouco mais de uma semana, foram anunciadas anteontem as eliminações das bandas
Biônica e A Fuga. Em seus lugares, a produtora D+3, que cuida
do festival, anunciou ontem a entrada das bandas Ladz e Motora,
que se juntam a Supersonyca, Imperdíveis, Choldra.
Tanto A Fuga quanto os Pullovers saíram do concurso, que em
sua etapas regionais brindará a
banda vencedora com R$ 15 mil
em instrumentos musicais, pelo
mesmo motivo: a existência de
acordos de distribuição independente que leva os seus CDs a serem comercializados em magazines e megastores. Em ambos os
casos, a distribuidora é a Tratore.
Segundo o produtor do evento,
Renato Byington, 41, o critério foi
usado caso a caso.
"Nós recebemos algumas denúncias por e-mail que essas bandas vendiam CDs em sites como
Submarino, Lojas Americanas e
Fnac, que é diferente de vender no
"sitezinho" da banda, ou no site de
um selo amador, como a Monstro. Por isso, nosso departamento
jurídico interpretou que era melhor tirá-los", afirmou.
Byington confirmou que outras
bandas que tinham contrato com
a Tratore foram mantidas no
evento, justamente por não terem
seus discos vendidos nas grandes
redes comerciais. "A gente sabe
que a Tratore nem sempre tem
contratos com as bandas, mas
nesses casos achamos que esses
grupos estavam fora do festival."
"Isso é uma falta de critério, que
eu acho que se baseou na lei do
menor esforço", afirma Luiz Venâncio, 29, voz e guitarra dos Pullovers. "Em Brasília, por exemplo, eles deixaram os Sapatos Bicolores, que é da Monstro e da
Tratore", afirma, lembrando que
no próprio disco o logotipo da
distribuidora é bem visível.
Péricles Carpegiani, 27, vocalista e letrista dos Pullovers, também
demonstra irritação. "Mandei o
nosso release, que tem a nossa
verdade, ninguém escondeu a
distribuição", afirma.
No caso da Biônica, a eliminação se deu porque o conjunto se
recusou a assinar o termo de cessão de uso de direitos autorais e o
de imagem de som e voz -que
era obrigatório no ato de inscrição. Marina Pontieri, 25, baixista
da Biônica, afirma que não mandaram os termos por não concordarem com o caráter da cessão
"irrevogável e irretratável", no caso das músicas, e "irrevogável e
perpétua" no caso de imagem,
som e voz. O regulamento não está mais no site oficial do concurso.
"Consultamos uma advogada e
ela achou melhor não assinarmos
porque isso poderia dar margem
a várias interpretações", afirma.
No caso, a banda temia que o
uso da imagem pudesse se estender para além da participação deles no festival.
"A intenção do Claro que É
Rock é promover um intercâmbio entre as bandas e dar a elas a
chance de tocar para um grande
público, por isso não levamos tudo [as regras da inscrição] a ferro
e fogo", afirma Byington. "É um
festival que envolveu 2.500 bandas, se torna muito dinâmico.
Aprovamos a Biônica e pedimos
que mandassem os termos assinados, mas eles se recusaram."
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