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Crítica
Velho Godard faz "Carmen" retumbante
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Carmen de Godard" (TC
Cult, 18h30; 16 anos) merece o
nome que tem (embora o filme
também seja conhecido com o
título "Prenome: Carmen"):
nunca se viu uma Carmen como essa.
Para começar, o primeiro encontro com o tio (o próprio Godard em pessoa) acontece em
um hospital.
Estamos em 1983 (ano em
que o filme foi lançado) e quem
está ali já é um velho cineasta,
uma antiguidade. Fazia apenas
23 anos que Jean-Luc Godard
havia colocado o cinema de
pernas para o ar com "Acossado" (hoje cinquentão), mas o
mundo já não queria saber dele
(ou, talvez, do cinema).
Do outro lado, há uma retumbante Carmen (Maruschka
Detmers), às voltas com uma
gangue de assaltantes. Tudo o
que ela queria com a visita,
aliás, era uma chance para passar a perna no tio.
Ela, às vezes, parece mais
uma personagem de Jean-Pierre Melville do que de Godard.
Mas é uma Carmen, afinal, e
será pelo segurança do banco
que planeja assaltar que ela se
apaixonará. Eis um longa fantástico: inesperado e esperado
a cada instante.
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