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Geração abarca 30 anos de Angola
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A "geração" do título do livro é
a do próprio Pepetela e percorre
30 anos de história de Angola. Os
personagens surgem jovens no
primeiro capítulo, em Lisboa, no
início dos anos 60. São estudantes
universitários misturados a imigrados atrás de uma oportunidade. Crescem politicamente com a
mobilização nas colônias dos movimentos de libertação.
Assumem a utopia disponível
na época -a independência e a
criação de nações socialistas-,
aparecem a cair na clandestinidade e, depois, na guerrilha pelas
florestas e savanas angolanas.
Nos dois capítulos finais, o desenlace: o desiludido Aníbal, um
ermitão refugiado em Benguela
que quer ficar longe do poder
atual, o cadáver da utopia, à beira
de uma praia. E o personagem
Elias, um extremista de esquerda
na juventude, que volta a Angola
para liderar uma seita-negócio.
Aliado dos neoburgueses do
país independente, Elias cobra dízimos dos fiéis em nome da libertação pelo prazer, prega o fim da
religião careta, proibitiva, reforçadora da culpa da tradição judaico-cristã. Antes de fundar a Igreja da
Esperança e da Alegria do Dominus para arrebanhar os descrentes da revolução angolana, Elias
era um militante que advogava a
violência necessária à constituição do poder, pelo menos em um
dado momento.
Como no Leste Europeu, onde
igrejas e máfias investem na promessa de fornecer (in)segurança
ao povo, Angola também dá o seu
contributo à desilusão política.
(RN)
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