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POPLOAD
Os mistérios do pop
LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA
Desde ontem, entramos na
temporada White Stripes. Se
nada fugiu do planejado, a dupla
da barulhenta Detroit tocou ontem pertinho do Brasil, num bar
nas Barrancas de Iguazu, no Estado jesuíta das Missiones, na Argentina, que fica a 15 minutos de
carro de Foz de Iguaçu (PR).
A banda está trazendo ao vivo
para estas bandas (hum!) o novo
disco, o bíblico-perturbado "Get
Behind me Satan", que será lançado no planeta nos dias 5 e 6 de junho, horas depois do show de São
Paulo, dia 4, no Credicard Hall.
O show das Missiones será num
bar chamado La Reserva. E, somado ao concerto no colossal teatro Amazonas, em Manaus, faz
parte do lado bizarro da turnê sul-americana. A banda deve gravar
as duas performances para um
DVD futuro. Segundo informações, ambas as apresentações estão com os ingressos esgotados.
Os 700 ingressos para o show de
Manaus não duraram três horas,
quando colocados à venda, na última segunda-feira. Para a parte
paulistana da turnê, as entradas
consumidas já chegam a 3.000,
números de anteontem.
Ih, vazou...
"Get Behind me Satan", o quinto disco do White Stripes, vazou
em larga escala na sexta-feira passada. No sábado, e-mails de todo
o Brasil chegavam a esta coluna,
com o alarde. Um disco, tão bonito quanto esquisito, que vai da sutileza de uma canção de ninar ao
som de uma serra elétrica sem
controle. As três músicas mais bacanas do novo White Stripes, tirando o single "Blue Orchid", são:
* "The Nurse" - O disco está na
primeira música e você pensa:
"Cacete, o que esses caras estão fazendo?". Esta canção é uma bonitinha balada levada por uma...
marimba (!!). Que de vez em
quando é rasgada por uma guitarra chorosa de Jack e principalmente pela Meg, que esmurra a
bateria de um jeito de dar medo,
em sua melhor atuação.
* "My Doorbell" - Delicioso
blues pop levado por piano e bateria, que embalam a inspirada
voz de Jack, que canta normal pela primeira vez no disco. Gozado:
é blues, mas é quase funk.
* "Take, Take, Take" - Talvez a
melhor do disco, uma opereta
whitestripiana. Cheia de fases, barulhinhos, com piano, guitarra,
percussãozinha e um refrão macabro e dobrado de Jack.
O clipe
E o vídeo doido de "Blue Orchid", quem viu? Foi ao ar na semana passada na TV inglesa e está
hoje no site oficial do White Stripes, esperando para você ver. Só
digo que tem o Jack com movimentos de alma penada em filme
de terror, a Meg estraçalhando
pratos, uma criancinha, serpentes, uma mulher esquisita que anda de sapatilhas de balé com salto
gigante, a maçã branca e um cavalo branco no meio de uma sala.
Mistério
Na história mais saborosa do
ano, ainda não se sabe a verdadeira identidade do Senhor Piano, o
jovem loiro extremamente bem
vestido que foi assim encontrado
em abril perto de uma praia inglesa. Vagando sem rumo, completamente ensopado e em transe.
Jamais emitiu uma palavra, não
tem documento nenhum e as etiquetas de suas roupas haviam sido arrancadas.
Sem conseguir arrancar nenhuma informação do sujeito, as autoridades meteram o cara em um
hospital psiquiátrico. Quando alguém teve a grande idéia de dar
papel e lápis para o quietão, ele
desenhou um piano com esmero
técnico. Levaram o esquisito para
uma sala que tinha o instrumento. E ele tocou Beethoven, Tchaikovsky e até Beatles como se tivesse dando um concerto no Scala,
de Milão. Depois voltou ao transe.
A polícia está mobilizada para
descobrir quem diabos é esse sujeito. Mais de 300 nomes possíveis
estão sendo investigados, de uma
lista de mil que foram indicados
por pessoas que disseram saber
quem está por trás dele.
Após comentar o caso, esta coluna recebeu e-mails de gente arriscando palpites sobre a identidade do cara. Até uma comunidade brasileira no Orkut apareceu.
Alguns acham que é uma peça
publicitária do disco do Oasis,
que sai dia 30. Outros pensam que
é promoção de CD novo do Radiohead, o que faz sentido, uma
vez conhecida a banda de Thom
Yorke. O mistério continua.
lucio@uol.com.br
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