São Paulo, sexta-feira, 27 de maio de 2005

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POPLOAD

Os mistérios do pop

LÚCIO RIBEIRO
COLUNISTA DA FOLHA

Desde ontem, entramos na temporada White Stripes. Se nada fugiu do planejado, a dupla da barulhenta Detroit tocou ontem pertinho do Brasil, num bar nas Barrancas de Iguazu, no Estado jesuíta das Missiones, na Argentina, que fica a 15 minutos de carro de Foz de Iguaçu (PR).
A banda está trazendo ao vivo para estas bandas (hum!) o novo disco, o bíblico-perturbado "Get Behind me Satan", que será lançado no planeta nos dias 5 e 6 de junho, horas depois do show de São Paulo, dia 4, no Credicard Hall.
O show das Missiones será num bar chamado La Reserva. E, somado ao concerto no colossal teatro Amazonas, em Manaus, faz parte do lado bizarro da turnê sul-americana. A banda deve gravar as duas performances para um DVD futuro. Segundo informações, ambas as apresentações estão com os ingressos esgotados. Os 700 ingressos para o show de Manaus não duraram três horas, quando colocados à venda, na última segunda-feira. Para a parte paulistana da turnê, as entradas consumidas já chegam a 3.000, números de anteontem.

Ih, vazou...
"Get Behind me Satan", o quinto disco do White Stripes, vazou em larga escala na sexta-feira passada. No sábado, e-mails de todo o Brasil chegavam a esta coluna, com o alarde. Um disco, tão bonito quanto esquisito, que vai da sutileza de uma canção de ninar ao som de uma serra elétrica sem controle. As três músicas mais bacanas do novo White Stripes, tirando o single "Blue Orchid", são:
* "The Nurse" - O disco está na primeira música e você pensa: "Cacete, o que esses caras estão fazendo?". Esta canção é uma bonitinha balada levada por uma... marimba (!!). Que de vez em quando é rasgada por uma guitarra chorosa de Jack e principalmente pela Meg, que esmurra a bateria de um jeito de dar medo, em sua melhor atuação.
* "My Doorbell" - Delicioso blues pop levado por piano e bateria, que embalam a inspirada voz de Jack, que canta normal pela primeira vez no disco. Gozado: é blues, mas é quase funk.
* "Take, Take, Take" - Talvez a melhor do disco, uma opereta whitestripiana. Cheia de fases, barulhinhos, com piano, guitarra, percussãozinha e um refrão macabro e dobrado de Jack.

O clipe
E o vídeo doido de "Blue Orchid", quem viu? Foi ao ar na semana passada na TV inglesa e está hoje no site oficial do White Stripes, esperando para você ver. Só digo que tem o Jack com movimentos de alma penada em filme de terror, a Meg estraçalhando pratos, uma criancinha, serpentes, uma mulher esquisita que anda de sapatilhas de balé com salto gigante, a maçã branca e um cavalo branco no meio de uma sala.

Mistério
Na história mais saborosa do ano, ainda não se sabe a verdadeira identidade do Senhor Piano, o jovem loiro extremamente bem vestido que foi assim encontrado em abril perto de uma praia inglesa. Vagando sem rumo, completamente ensopado e em transe. Jamais emitiu uma palavra, não tem documento nenhum e as etiquetas de suas roupas haviam sido arrancadas.
Sem conseguir arrancar nenhuma informação do sujeito, as autoridades meteram o cara em um hospital psiquiátrico. Quando alguém teve a grande idéia de dar papel e lápis para o quietão, ele desenhou um piano com esmero técnico. Levaram o esquisito para uma sala que tinha o instrumento. E ele tocou Beethoven, Tchaikovsky e até Beatles como se tivesse dando um concerto no Scala, de Milão. Depois voltou ao transe.
A polícia está mobilizada para descobrir quem diabos é esse sujeito. Mais de 300 nomes possíveis estão sendo investigados, de uma lista de mil que foram indicados por pessoas que disseram saber quem está por trás dele.
Após comentar o caso, esta coluna recebeu e-mails de gente arriscando palpites sobre a identidade do cara. Até uma comunidade brasileira no Orkut apareceu. Alguns acham que é uma peça publicitária do disco do Oasis, que sai dia 30. Outros pensam que é promoção de CD novo do Radiohead, o que faz sentido, uma vez conhecida a banda de Thom Yorke. O mistério continua.

lucio@uol.com.br

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