São Paulo, sábado, 27 de maio de 2006

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Masp dá garantias, parcela dívida em 48 vezes e Eletropaulo religa luz do museu

FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de quatro horas de trabalho, das 11h às 15h de ontem, três técnicos da Eletropaulo restabeleceram o fornecimento de energia ao Museu de Arte de São Paulo, o Masp, após três dias de interrupção por conta do acúmulo de dívidas da instituição com a prestadora de serviços.
Segundo o acordo firmado na manhã de ontem entre a direção do Masp e a da Eletropaulo, o museu se responsabiliza por quitar a dívida, firmada agora em R$ 3,39 milhões, em até 48 meses -havia um erro de cálculo no valor divulgado originalmente pela Eletropaulo (R$ 3,47 milhões). Em entrevista coletiva, ontem cedo, enquanto os técnicos da Eletropaulo trabalhavam no museu, Julio Neves, presidente do Masp, afirmou que conseguiu o acordo por apresentar "garantia de natureza financeira".
Segundo Eduardo Bernini, presidente da Eletropaulo, tal garantia significa que o museu irá "assegurar um fluxo de caixa que disponha sempre de uma parcela necessária para o pagamento da dívida".
Nem Neves nem Bernini, entretanto, divulgaram o valor das parcelas. "Nosso contrato tem uma cláusula de confidencialidade, e nossa primeira parcela será paga em junho", afirmou o presidente do Masp. A média das parcelas, dividindo o valor da dívida pelo número de meses é de cerca de R$ 70 mil.

De onde vem o dinheiro?
O presidente do Masp não divulgou de onde virão os recursos para o pagamento da dívida, mas contou que se reuniu com o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, anteontem, que teria prometido pagar neste ano R$ 1,12 milhão, assegurados por lei, em oito parcelas, com o primeiro depósito agora em maio.
Questionada pela Folha, a Secretaria Municipal da Cultura não confirmou o repasse e disse que a liberação só acontecerá se for aprovado o plano de utilização da verba, que o Masp ainda promete entregar.
Com o acordo com a Eletropaulo, o Masp restabelece seu funcionamento normal, mas sua credibilidade com as outras instituições culturais internacionais, especialmente aquelas que cederam obras para a exposição de Degas, pode ter ficado abalado. "Desde que a luz foi cortada, informamos a todos os emprestadores internacionais que o museu funcionava normalmente e, ainda hoje [ontem], iremos comunicar todos os nossos parceiros internacionais que o fornecimento de energia foi normalizado", disse Neves.
O presidente do Masp contestou que o museu teria feito um "gato": "Foi constatada uma inadequação técnica no sistema de medição, tanto que não houve multa, não houve má fé". De acordo com Bernini, o problema foi uma "inversão de fase", que levou a Eletropaulo a lavrar um termo de ocorrência de irregularidade.
Já o promotor Luis Roberto Proença, que na quarta havia aberto inquérito para investigar eventuais danos ao acervo do museu, disse ontem à Folha, que, "confirmado o restabelecimento da energia, o objeto da ação perde o sentido, e o processo seria arquivado".
O corte chegou a mobilizar ainda outra esfera judicial. O Ministério Público Federal em São Paulo informou ontem, em nota, que havia enviado uma recomendação à Eletropaulo para que retomasse imediatamente o fornecimento de energia elétrica ao Masp, sob pena de responsabilização civil e criminal pelos eventuais danos causados ao acervo tombado.


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