São Paulo, domingo, 27 de maio de 2007

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Antigo, "ER" é a maior surpresa de ranking da TV

Drama médico que está no ar nos EUA desde o ano de 1994 desbanca produções badaladas como "24 Horas" e "CSI"

TV paga evita divulgar audiência por causa da baixa penetração e do predomínio da TV aberta, mesmo entre assinantes

COLUNISTA DA FOLHA

O ranking das séries mais vistas da TV paga brasileira traz algumas surpresas. A maior delas é a sexta posição ser ocupada por "ER", drama médico que está no ar no Brasil desde 1995 e que já trocou de elenco algumas vezes. Foi "ER" que lançou para o estrelato um George Clooney ainda de cabelos pretos. O seriado é testemunha da evolução da TV paga no país.
Apesar de antigo (o Warner Channel atualmente exibe sua 13ª temporada), "ER" (ou "Plantão Médico", como a Globo o batizou nos anos 90), teve em abril mais público do que séries badaladas, como "Desperate Housewives".
Os fãs de "24 Horas" e de "CSI" provavelmente ficarão frustrados com seus desempenhos. A primeira ocupa um modesto 18º lugar e fica atrás das reprises de "The OC" e "House". Esperava-se mais de um programa que foi saudado como revolucionário, por representar em cada temporada cada minuto de um dia inteiro, como se fosse em tempo real. Já "CSI", o quinto programa mais visto dos EUA, com mais de 20 milhões de telespectadores na semana passada, aparece em 14º lugar no ranking do Brasil.
A terceira colocação para "Criminal Minds", com 120.573 telespectadores em média por episódio, não chega a ser surpreendente. A série, em que agentes do FBI estudam a mente de criminosos, foi vista na semana passada por mais de 13 milhões de norte-americanos e ficou em 17º lugar no ranking de todos os programas mais assistidos dos EUA.
"Criminal Minds" foi a série que, em março deste ano, desbancou a badalada "Lost". Até então, ambas iam ao ar às quartas, às 21h. Para fugir da concorrência da série da CBS, a ABC mudou "Lost" para as 22h.
Atual principal título do canal Sony, "Grey's Anatomy" é a quinta série mais vista no Brasil, atrás de "Smallville". Nos EUA, a produção é líder em seu segmento e ocupa o segundo lugar no ranking geral. Na semana passada, foi assistida por 22,572 milhões de norte-americanos, só perdendo para a edição das quartas-feiras de "American Idol". O programa é um drama médico com cara de "Friends", sobre um grupo de amigos residentes de hospital.
"House", sétima série mais vista no Brasil, foi o sexto da TV americana na semana passada. O ranking dos dez campeões de audiência da TV paga tupiniquim se completa com "Desperate Housewives", "Cold Case" e "Two and a Half Men", nesta ordem.

TV envergonhada
A divulgação de audiência da TV paga é uma questão dramática para o setor. A medição é feita pelo Ibope desde 2001. Os primeiros relatórios decepcionaram os canais, pois escancararam que o telespectador paga por serviços de TV a cabo principalmente para ver emissoras abertas. Mais de 70% da audiência dos assinantes vai para a Globo, Record, SBT e Band.
No início, o Ibope divulgava o alcance dos canais. Alcance é o registro do total de telespectadores que sintoniza um determinado programa durante pelo menos um minuto. É, portanto, algumas vezes superior à média de audiência do programa.
Com o tempo, o Ibope deixou de divulgar à imprensa qualquer número de audiência de TV paga. Hoje, só permite que os canais divulguem os desempenhos de seus próprios programas, sem compará-los com os da concorrência.
Mais recentemente, o instituto passou a recomendar aos canais que só elaborem rankings trimestrais, e não mensais. Isso daria maior "consistência" aos números, pois é grande a alternância de posições entre os programas mais vistos. Por exemplo, um seriado que hoje é líder pode ser o 20º daqui a alguns meses, quando passar a ser reprisado.
O grande problema da TV paga é a baixa penetração do setor no Brasil, além do massacrante domínio da TV aberta.
A TV paga está hoje em 4,54 milhões de domicílios no país (menos de 10% do total).
A medição do Ibope é feita apenas em São Paulo e no Rio. Mas o mercado, para turbinar os números, passou a projetar esses dados para todo o país, usando uma base bastante generosa, que considera que cada domicílio tem 3,2 telespectadores. Assim, haveria 14.526.851 telespectadores no Brasil todo. Se fossem considerados apenas os telespectadores de São Paulo e Rio, seriam 4,499 milhões de pessoas. Isso faz muita diferença para um setor cuja série mais vista tem apenas 1,5% da audiência.
A TV paga tem como características básicas a segmentação e a fragmentação (um mesmo programa é reprisado várias vezes, o que dispersa sua audiência). Alguns canais só trabalham os números do Ibope com o recorte que os interessa. Ou seja, só divulgam audiências entre seus públicos-alvo (por exemplo, de 18 a 34 anos).
O ranking obtido pela Folha considera todos os públicos e exclui todos os outros gêneros de programas que não sejam seriados -no geral, as maiores audiências da TV paga costumam ser eventos esportivos, estréias de filmes de sucesso e programas infantis, sem contar o imbatível "Big Brother Brasil". (DANIEL CASTRO)


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