São Paulo, terça-feira, 27 de maio de 2008

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Cineasta Sydney Pollack morre aos 73, de câncer

Diretor americano ganhou o Oscar por "Entre Dois Amores", em 1985

Em filmes como "A Noite dos Desesperados" e "Tootsie", ele mostrou uma de suas principais características: a boa condução de atores

Michel Spingler - 8.set.2006/Associated Press
Sydney Pollack, ao receber um prêmio na França, há dois anos


JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Morreu ontem em sua casa em Los Angeles, aos 73 anos, o cineasta, ator e produtor Sydney Pollack, um dos mais importantes do cinema americano nas últimas décadas. De acordo com sua família, a causa da morte foi câncer.
Ganhador do Oscar de direção em 1985 por "Entre Dois Amores", foi indicado para o prêmio também por seu trabalho em "A Noite dos Desesperados" (1969) e "Tootsie" (1982).
Nascido em 1º de julho de 1934 em Lafayette, Indiana, Pollack se mudou para Nova York aos 17 anos, com a intenção de ser ator. Estudou teatro no Neighborhood Playhouse e em seguida tornou-se professor na mesma escola.
Na televisão e no cinema, começou como instrutor de atores mirins e juvenis, mas logo passou à direção, tendo assinado episódios de séries televisivas de sucesso, como "Ben Casey", "O Fugitivo" e "O Homem Alto", na primeira metade dos anos 60.
Estreou na direção de longas-metragens em 1965, com "Uma Vida em Suspense", mas conseguiu chamar a atenção da crítica com seu filme seguinte, "Esta Mulher É Proibida" (1966), estrelado por Natalie Wood e Robert Redford.
Realizou seus filmes de maior empenho político e estético no final dos anos 60 e início dos 70: "A Noite dos Desesperados", "Nosso Amor de Ontem", conciliando sucesso de crítica e de público.
Depois disso, acomodou-se um pouco às fórmulas do cinema de gênero, conseguindo às vezes resultados notáveis, como na comédia "Tootsie" e no drama "Entre Dois Amores", baseado em romance de Isak Dinesen.
Durante toda a sua carreira de diretor, não deixou de trabalhar ocasionalmente como ator, às vezes sob a batuta de grandes cineastas, como Woody Allen (em "Maridos e Esposas") e Stanley Kubrick ("De Olhos Bem Fechados").
Sua última aparição como ator ocorreu no ano passado, no filme "Conduta de Risco" ("Michael Clayton"), de Tony Gilroy, do qual foi também produtor. Os últimos longas que dirigiu foram "A Intérprete", com Nicole Kidman, e o documentário "Sketches of Frank Gehry", ambos de 2005.
Nos últimos anos, Pollack atuou intensamente como produtor de filmes independentes. Em parceria com Anthony Minghella (de "O Paciente Inglês", morto em março deste ano), dirigia a produtora Mirage Enterprises, responsável, entre outros, pelo longa "Cold Mountain", de Minghella.
Em grande parte graças à sua origem teatral e a seu exercício constante do ofício de ator, Pollack foi um bem-sucedido diretor de atores. Sob seu comando brilharam astros como Burt Lancaster, Jane Fonda, Al Pacino, Meryl Streep, Dustin Hoffman, Robert Redford e Barbra Streisand. Alguns ganharam Oscars atuando em seus filmes.
Ao lado de cineastas como Mike Nichols e Barry Levinson, Pollack ajudou a revalorizar o trabalho do ator e a renovar o "star system" hollywoodiano num contexto em que os astros não estavam mais submetidos por longos contratos aos estúdios cinematográficos.


Com agências internacionais


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