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MÚSICA
Cassandra Wilson volta
mais próxima do blues
Quinze anos após seu último show no Brasil, americana canta em SP e no Rio
Intérprete de jazz, que diz sentir afinidade com o gênero do sul dos EUA, se apresenta com destacados músicos de Nova Orleans
CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ela só esteve uma vez no Brasil, em 1994, quando substituiu
às pressas o cantor Mel Tormé,
no extinto Free Jazz Festival.
Agora, consagrada como uma
das maiores intérpretes do jazz
na atualidade, Cassandra Wilson, 53, retorna para se apresentar amanhã e sexta em São
Paulo (no Bourbon Street e no
HSBC Brasil, respectivamente)
e, no domingo, no Vivo Rio.
"Os dias que passei aí foram
excitantes, mas não tive tempo
para conhecer a Bahia, o que
quero muito fazer desta vez.
Sinto que essa será uma experiência que vai enriquecer minha vida", diz a cantora à Folha, por telefone, de sua casa
em Jackson (no Mississipi, sul
dos EUA), onde nasceu.
Quem acompanha a carreira
de Cassandra desde os anos 80,
quando seu vozeirão expressivo despontou no M-Base (coletivo de vanguarda de jazzistas
radicados em Nova York), sabe
que em seus últimos discos ela
tem demonstrado uma ligação
mais íntima com o blues. Isso
fica evidente em suas releituras
de clássicos de Robert Johnson
e Muddy Waters.
"Tudo parece levar a que eu
me aproxime mais do blues, este que foi um dos componentes
primários do jazz. Como o
blues é uma música bastante
emocional, quanto mais eu
amadureço, melhor entendo
como essa emoção pode ser poderosa", comenta.
A intimidade com o blues e
outras vertentes musicais do
sul dos EUA também transparece na banda que a acompanha. Seu quinteto, que inclui
Marvin Sewell (guitarra) e Lekan Babalola (percussão), destaca três dos melhores músicos
da atual cena do jazz em Nova
Orleans: o baterista Herlin Riley, o baixista Reginald Veal e o
pianista Jonathan Battiste.
Afinidade
"Sou muito próxima de Nova
Orleans, em termos culturais,
porque Jackson fica apenas
duas horas ao norte", afirma a
cantora. "A comida, que é algo
importante, o clima ou mesmo
o dialeto dessas cidades são
muito próximos. A geografia
permite essa afinidade."
Mas essa é só uma faceta do
eclético repertório de Cassandra, que em "Loverly" (Blue
Note), seu mais recente CD, recria standards do jazz, como a
exótica "Caravan" (Duke
Ellington) e a romântica "The
Very Thought of You" (Ray Noble). Ou até um clássico da bossa nova, como "Black Orpheus"
(versão de "Manhã de Carnaval", de Luiz Bonfá).
CASSANDRA WILSON
Quando/onde: amanhã, às 22h
Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés,
127, tel. 0/ xx/11/5095-6100)
Quanto: R$ 350 (couvert artístico)
Quando: sexta, às 22h
Onde: HSBC Brasil (r. Bragança Paulista, 1.281, tel. 0/xx/11/4003-1212)
Quanto: de R$ 95 a R$ 350
Classificação: não recomendado para
menores de 18 anos
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