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ARTES PLÁSTICAS
Somem mais R$ 314 mil da mostra "Monet"
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
Os organizadores da exposição
"Monet" no MNBA (Museu Nacional de Belas Artes) do Rio não conseguiram fechar as contas do dinheiro dado por patrocinadores.
Não há comprovantes que justifiquem os supostos gastos de R$
314.567,76.
Como a Folha revelou na semana
passada, também estão desaparecidos R$ 988.526,93 dos R$
1.128.933,07 arrecadados na bilheteria da exposição e na venda de
produtos (cartazes e catálogos, por
exemplo) na loja do museu. Faltam
documentos mostrando como a
quantia foi gasta.
Exibida no MNBA de 12 de março a 19 de maio de 1997, a mostra
arrecadou, na fase de preparativos,
R$ 1.451.000 de quatro patrocinadores.
A companhia Sul América Seguros e a estatal Petrobrás contribuíram, cada uma, com R$ 450 mil. A
então estatal Telebrás doou R$ 287
mil. A IBM forneceu cota de R$ 264
mil.
A prestação de contas da exposição deveria ter ocorrido 30 dias
após o encerramento. Passados
dois anos, a prestação, que ainda
não foi feita, está sendo exigida pelos ministérios da Fazenda e da
Cultura, que realizaram, em março, uma auditoria no museu.
Falta de comprovantes
A diretora do museu, Heloísa
Aleixo Lustosa, afirma que não
prestou as contas por causa da falta
de comprovantes dos gastos.
Ela responsabiliza Romaric Sulger Buel, ex-vice-cônsul da França
no Rio, e Bertrand Rigot-Muller,
chefe do Setor de Difusão Cultural
do consulado, pelo gasto do dinheiro sem sua autorização.
Buel e Rigot-Muller afirmam que
apresentaram ao museu as notas
que comprovariam o gasto do dinheiro.
A falta de comprovantes para as
supostas despesas de R$
1.303.094,50 (R$ 988.526,93 da bilheteria e venda de produtos mais
R$ 314.567,57 dos patrocinadores)
foi atestada pelo escritório La Rocque Auditoria e Consultoria Fisco
Contábil Limitada.
A empresa foi contratada pela
Associação dos Amigos do MNBA
para fazer uma análise prévia da
documentação existente.
Em ofício ao cônsul da França no
Rio, Denis Delbourg, o vice-presidente da associação, Ary Macedo,
diz que a análise do escritório "resultou na indicação de uma lista de
despesas cuja documentação era
insuficiente perante as normas do
Ministério da Cultura".
Obtida pela Folha, a planilha
preparada pela La Rocque em 9 de
março passado relaciona 51 supostas despesas cujas comprovações
documentais são consideradas insuficientes.
Sucesso
A exposição "Monet", que, depois do Rio, passou pelo Masp
(Museu de Arte de São Paulo), foi
considerada um sucesso absoluto.
No MNBA ela foi vista por 432.776
visitantes, dos quais 171.996 pagaram ingressos.
Segundo a organização, não
compraram ingressos alunos de
escolas públicas, menores de 12
anos, idosos com mais de 65 anos,
visitantes nos domingos e feriados,
pessoas com direito a "entrada
vip" e frequentadores de "coquetéis patrocinadores".
A mostra foi organizada em parceria pelo MNBA, pela Associação
dos Amigos e pelo museu francês
Marmottan, que cedeu as obras.
Oficialmente, o Consulado da
França não participou da exposição, mas dois de seus funcionários
graduados tiveram envolvimento
direto. Buel representou o Marmottan no protocolo que estipulou
as regras da mostra. Rigot-Mullerfoi o coordenador-geral do evento.
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