São Paulo, Quinta-feira, 27 de Maio de 1999
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ARTES PLÁSTICAS
Somem mais R$ 314 mil da mostra "Monet"


SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

Os organizadores da exposição "Monet" no MNBA (Museu Nacional de Belas Artes) do Rio não conseguiram fechar as contas do dinheiro dado por patrocinadores. Não há comprovantes que justifiquem os supostos gastos de R$ 314.567,76.
Como a Folha revelou na semana passada, também estão desaparecidos R$ 988.526,93 dos R$ 1.128.933,07 arrecadados na bilheteria da exposição e na venda de produtos (cartazes e catálogos, por exemplo) na loja do museu. Faltam documentos mostrando como a quantia foi gasta.
Exibida no MNBA de 12 de março a 19 de maio de 1997, a mostra arrecadou, na fase de preparativos, R$ 1.451.000 de quatro patrocinadores.
A companhia Sul América Seguros e a estatal Petrobrás contribuíram, cada uma, com R$ 450 mil. A então estatal Telebrás doou R$ 287 mil. A IBM forneceu cota de R$ 264 mil.
A prestação de contas da exposição deveria ter ocorrido 30 dias após o encerramento. Passados dois anos, a prestação, que ainda não foi feita, está sendo exigida pelos ministérios da Fazenda e da Cultura, que realizaram, em março, uma auditoria no museu.

Falta de comprovantes
A diretora do museu, Heloísa Aleixo Lustosa, afirma que não prestou as contas por causa da falta de comprovantes dos gastos.
Ela responsabiliza Romaric Sulger Buel, ex-vice-cônsul da França no Rio, e Bertrand Rigot-Muller, chefe do Setor de Difusão Cultural do consulado, pelo gasto do dinheiro sem sua autorização.
Buel e Rigot-Muller afirmam que apresentaram ao museu as notas que comprovariam o gasto do dinheiro.
A falta de comprovantes para as supostas despesas de R$ 1.303.094,50 (R$ 988.526,93 da bilheteria e venda de produtos mais R$ 314.567,57 dos patrocinadores) foi atestada pelo escritório La Rocque Auditoria e Consultoria Fisco Contábil Limitada.
A empresa foi contratada pela Associação dos Amigos do MNBA para fazer uma análise prévia da documentação existente.
Em ofício ao cônsul da França no Rio, Denis Delbourg, o vice-presidente da associação, Ary Macedo, diz que a análise do escritório "resultou na indicação de uma lista de despesas cuja documentação era insuficiente perante as normas do Ministério da Cultura".
Obtida pela Folha, a planilha preparada pela La Rocque em 9 de março passado relaciona 51 supostas despesas cujas comprovações documentais são consideradas insuficientes.

Sucesso
A exposição "Monet", que, depois do Rio, passou pelo Masp (Museu de Arte de São Paulo), foi considerada um sucesso absoluto. No MNBA ela foi vista por 432.776 visitantes, dos quais 171.996 pagaram ingressos.
Segundo a organização, não compraram ingressos alunos de escolas públicas, menores de 12 anos, idosos com mais de 65 anos, visitantes nos domingos e feriados, pessoas com direito a "entrada vip" e frequentadores de "coquetéis patrocinadores".
A mostra foi organizada em parceria pelo MNBA, pela Associação dos Amigos e pelo museu francês Marmottan, que cedeu as obras.
Oficialmente, o Consulado da França não participou da exposição, mas dois de seus funcionários graduados tiveram envolvimento direto. Buel representou o Marmottan no protocolo que estipulou as regras da mostra. Rigot-Mullerfoi o coordenador-geral do evento.


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