Álbum recebe edição de 30 anos com material extra; Stooges também têm disco clássico relançado no Brasil

THIAGO NEY
DE SÃO PAULO

Na era do MP3 e do torrent, uma estratégia das gravadoras para tentar obter lucro com música é relançar discos com material extra. Normalmente, não valem o que custam. Felizmente, isso não acontece com dois álbuns clássicos que retornam ao mercado brasileiro.
Um é "London Calling", o terceiro disco do Clash. O outro, "Raw Power", o terceiro dos Stooges.
Esse relançamento de "London Calling" seria recomendadíssimo mesmo que viesse apenas com as 19 faixas originais. Afinal, contém "Guns of Brixton", que traz o ska e o reggae para junto do rock; "Train in Vain", um funk desconstruído; a engajada "Spanish Bombs"; a ingênua "Lost in the Supermarket". E muito mais.
Mas esta edição de 30 anos traz ainda o imperdível documentário "The Last Testament - The Making of London Calling", que contextualiza por que este se tornou um dos mais criativos e enérgicos discos da história -basta olhar para famosa a foto na capa de Paul Simonon quebrando o baixo para se apaixonar pelo álbum.
"London Calling" mostra o Clash como a mais ambiciosa -e inteligente- banda a sair do punk. Mas será que ele teria existido não fosse o brutalismo de "Raw Power"?
Os Stooges nunca venderam muito, não fizeram grande sucesso, mas mostraram que o rock não precisava seguir por trilhas complicadas. Dois ou três acordes bastaram para criar coisa boa.
"Raw Power" quase nem existiu. Após fracassos comerciais, Iggy Pop tentou carreira solo. Não deu muito certo, voltou a tocar com os Asheton e surgiu o disco.
Com faixas raras e ao vivo, vale por "Search and Destroy" e "Gimme Danger".