São Paulo, domingo, 27 de junho de 2010

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OPINIÃO

Militante apaixonado do teatro, fez da generosidade a sua marca

LUIZ FERNANDO RAMOS
CRÍTICO DA FOLHA

O amor pelo teatro é comum, mas raros são os que fazem dele o sentido de suas vidas. Alberto Guzik é desses. Manteve-se sempre um dileto parceiro de Dioniso.
Conheci Alberto quando eu pesquisava a obra do ator e encenador paulistano Luiz Roberto Galizia. Guzik tinha sido seu professor e amigo.
Foi de seus relatos sobre aquele artista que colhi o material mais precioso da pesquisa. A generosidade do seu olhar crítico era notória.
Suas críticas caracterizavam-se por buscar a cumplicidade com os artistas examinados. Sem viés dogmático, teve sempre um olhar interessado tanto pelas formas mais populares como pelas experimentações radicais da linguagem cênica.
Como escritor produziu os antológicos "TBC: Crônica de Um Sonho", referência sobre o Teatro Brasileiro de Comédia, e "Risco de Vida", retrato do meio teatral de São Paulo.
Recentemente, quando critiquei um espetáculo em que era ator, tomou as dores do dramaturgo a cujo trabalho fiz restrições. A mesma fidalguia que sempre demonstrou como crítico aparecia agora na defesa do artista.
Alberto Guzik experimentou todas as posições do jogo teatral e em todas militou com paixão. O vazio que a sua morte deixa só realça o belo arco que traçou em vida.


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