São Paulo, sábado, 27 de junho de 1998

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Para tradutor, Hilst é "autora inventora'

da Redação

A obra da poetisa, ficcionista e dramaturga Hilda Hilst, uma das figuras mais conceituadas e menos compreendidas pelo grande público na literatura brasileira, foi debatida no evento "Hilst Furacão", realizado anteontem no auditório da Folha.
Estiveram presentes a professora Nelly Novaes Coelho, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, o poeta Claudio Willer, assessor cultural da Secretaria Municipal da Cultura de São Paulo, e o poeta e tradutor Álvaro Faleiros.
Faleiros traduziu pela primeira vez para o francês o livro de poemas "Da Morte. Odes Mínimas".
A edição bilíngue foi lançada durante o evento pela Nankin Editorial, em parceria com a editora canadense Noroît , e vai ser distribuída em países como França e Bélgica, onde a escritora vem ganhando o respeito da crítica.
Segundo Faleiros, "ela me propôs a tradução deste livro porque ele marca uma importante passagem em sua obra. Hilst só se considerou poeta depois desse livro, apesar de escrever poesia durante os 20 anos anteriores à obra".
O nome do evento, "Hilst Furacão", uma alusão à popular série de TV "Hilda Furacão", foi elogiado por Willer. "É uma feliz escolha, pois ela se apropria de temas como o amor, a morte e o erotismo e os usa de diferentes formas explorando a beleza de cada."
Mas, para Coelho, a série de TV é "ultrapassada", pois encara o sexo entre um padre e uma prostituta como um problema moral. "Para Hilst, o sexo é um problema existencial e ético. A outra é folclórica. A história poderia ter sido escrita por Eça de Queirós", disse.
A falta de interesse e de reconhecimento do público brasileiro pela obra de Hilst também foi observada pelos debatedores.
"Não é problema dela não ser lida. Há uma defasagem entre o que o leitor quer ler e o que o escritor produz. Hilst traz problemas existenciais. O leitor deve estar preparado", explicou Coelho.
Na opinião de Faleiros, "Hilst entra na classificação dos "autores inventores', que estão na ponta. Sua inventividade e criatividade tornam difícil a sua leitura".



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