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Morre o poeta José Lino Grünewald
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O poeta, tradutor e ensaísta José
Lino Grünewald, 69, morreu ontem no Rio em decorrência de
uma embolia pulmonar. Seu corpo foi enterrado ontem à tarde no
cemitério São João Batista, em
Botafogo (zona sul do Rio).
"Grünewald era um apaixonado pela poesia concreta, foi o nosso homem no Rio", disse à Folha
o poeta Décio Pignatari.
"Depois da morte de Mário
Faustino, nos anos 60, esta é a
maior perda literária de minha
geração", afirmou outro representante do concretismo, o poeta
Augusto de Campos.
O ensaísta estava internado havia dois meses na clínica São Marcelo, no Leblon (zona sul). Sua internação se deveu a uma insuficiência respiratória, que evoluiu
depois para uma pneumonia com
infecção generalizada, até a ocorrência da embolia pulmonar.
No cemitério, o cortejo foi
acompanhado pela mulher, Ecila,
pelo filho mais novo, Bernardo,
36, além de parentes e amigos. O
filho mais velho do poeta, Rodrigo, não mora no Rio e não pôde
comparecer. Grünewald tinha
quatro netas.
Bernardo disse que seu pai deixou alguns textos escritos e que a
família ainda vai pensar em eventual publicação. Disse também
que Grünewald, incentivado pela
família, pensava em escrever um
romance.
O jornalista Ruy Castro disse
que Grünewald foi uma de suas
grandes influências profissionais.
""Quando eu o conheci, ele tinha
34 anos, e eu tinha 16. Fui à casa
dele e nunca tinha visto tantos livros juntos", afirmou.
Um ano depois, Castro começou a trabalhar no jornal carioca
""Correio da Manhã", onde Grünewald era editorialista. ""Ele foi
um intelectual de grande porte.
Um grande leitor de filosofia, um
apaixonado por cinema e música.
Não foi um poeta do verso comum, mas da poesia visual", disse
Castro.
Grünewald surgiu como poeta
no primeiro núcleo dos concretistas, no final dos anos 50. Era apaixonado pelas obras de Mallarmé e
Ezra Pound. A tradução dos
""Cantos" de Pound, publicada
pela editora Nova Fronteira, valeu-lhe um Prêmio Jabuti, em
1987.
Pela mesma editora publicou
""Escreviver", ""Gardel, Lufardo e
Tango", ""Pedras de Toque da
Poesia Brasileira", além de ter organizado várias coletâneas.
O poeta nasceu no Rio de Janeiro e formou-se em direito. Foi
procurador federal da extinta Sunamam. Suas paixões, porém,
eram o jornalismo e a poesia.
"Grünewald era um carioca requintado, foi dos primeiros críticos a valorizar a obra dos cineastas Godard e Alain Resnais", afirmou Pignatari.
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