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ERIKA PALOMINO
GOBBI DESFILA E EXPÕE SITUAÇÃO DA MODA
O jovem estilista Caio Gobbi
desfilou sua linha jeans na última
segunda-feira, em esquema independente. Gongado injustamente
do casting da Casa de Criadores
simplesmente por almejar entrar
para a São Paulo Fashion Week
(qual estilista não quer?), Gobbi se
viu no meio da crise que explodiu
há alguns meses no setor e que
atingiu também seus patrocinadores de anos. Devido a um imbróglio contratual, sua loja no
shopping Villa-Lobos foi fechada
e, assim, do nada, o estilista só podia contar com ele mesmo e com
sua equipe. A data bateu com a semana de BH e nem mesmo o esquema de modelos desfilando de
graça para estilistas queridos -o
que acontece em qualquer capital
fashion- funcionou. E tudo teve
de sair mesmo na raça.
Mas o meio da moda confia no
talento de Gobbi. Estavam em seu
desfile Costanza Pascolato e Gloria Kalil, o povo dos sites especializados, estilistas como Reinaldo
Lourenço, André Lima e Mareu
Nitschke, mais estudantes de moda e o fiel público comprador do
estilista, que vai de clubbers a patricinhas, de drags a fashionistas.
Na passarela, as referências tão
caras ao imaginário do estilista
apareceram todas: Madonna,
Gaultier, Dior, Jennifer Lopez,
Mariah Carey, meninas desfilando saídas de um arco-íris, glamour-girls cheias de glitter e cor.
Mesmo com recursos limitados,
Gobbi soube desfilar o que tem de
melhor: seu approach ao mesmo
tempo fashion e comercial, um tino de que muitas grandes marcas
(de SP e do mundo) se ressentem.
Abriu seu desfile com uma brincadeira com as mulheres DJs,
com formas largas e orientação
streetwear para as meninas. No
masculino, cada vez mais correto,
investe em listras simpáticas em
pink e branco e formas simples
em calças e bermudas.
O jeans é que brilha, com cordinhas em furta-cor, tipo arco-íris,
ilustrando laterais de calças e tiras
de suspensórios desenhando minissaias. O detalhe é o pesponto
verde fluo que dá acabamento ao
ótimo blazer e às calças.
Na estamparia, singelos desenhos tipo Puscha evocam o glamour e a paixão de Gobbi pela figura feminina, com as adoráveis
estampas Nails, Lipstick e Eyelashes, que vira também um vestido
t-shirt. O look do triquíni com
saia de recortes é provocativo e
superpop, como a coleção.
O desfile de Caio Gobbi pode
servir como emblema do atual cenário fashion brasileiro, em situação recessiva. Será que vão se tornar inviáveis iniciativas isoladas?
Será que só vai conseguir desfilar
e mostrar coleção quem participe
dos grandes eventos -concentrados, por enquanto, somente
em duas frentes (em suma: Paulo
Borges ou André Hidalgo)?
É um processo perigoso, que
pode ter consequências complicadas e pouco saudáveis para a moda como um todo, a médio/longo
prazo. Tecelagens, fiações e empresas devem e precisam apoiar
jovens e outras alternativas de estilistas e eventos, visando também
o desenvolvimento dos talentos,
além de tão-somente o retorno de
imagem e o marketing em si.
O mercado depende disso tudo,
e valores como brodagem, hype,
novidade ajudam a fazer o mundo da moda girar. OK, vamos supor que o previsível aconteça e
Caio Gobbi entre de fato para o
elenco da SP Fashion Week. E
quem vem depois, como vai ficar?
RAVE DA AMAZÔNIA ROLA NA QUINTA
Começa na próxima quinta a
Ecosystem 1.0, a rave da Amazônia. Gringos de toda parte do
mundo estão mirando Manaus,
na festa que vai rolar por quatro
dias no meio da floresta. O projeto é de fato visionário e pretende reunir representantes de
todos os estilos musicais, num
ambiente todo especial, para
provar que é possível juntar
música eletrônica, consciência
ecológica, preservação da floresta e um senso de coletividade
e "togetherness", valores que
muitas vezes faltam a todos nós.
O line-up é animado e conta
com estrelas de cada segmento,
como Afrika Bambaataa, Nação
Zumbi, Renato Lopes, Mau
Mau, Otto, Bryan Gee, Renato
Cohen, Nutz e Zé Gonzales,
Jumping Jack Frost, Drumagick, Suba Dream Band (com
Mario Caldato e o produtor
Bid), Ken Ishii e State of Bengal
(Índia). A iniciativa é de Carlinhos Soul Slinger, o primeiro
brasileiro a conseguir espaço no
mercado internacional, DJ e guru da cena underground de Nova York. Ele está há mais de dois
anos programando a festa. Outro detalhe importante é a vacina, já que não dá para ir sem se
prevenir contra malária e febre
amarela. Mas é superfácil, você
pode tomar as vacinas no próprio posto do aeroporto de
Congonhas. Veja pacotes de
hospedagem e passagem aérea
pelo site www.ecosystem1.org. Se joga!
NOVAS NOITES NO FRONT DA CENA
A cidade está precisando de novas propostas de noite. Dois
projetos começam na próxima
quarta e devem chamar a atenção de diferentes públicos. A
promoter Glaucia ++ inaugura
nova fase do Cio 80's no Ultralounge. Os residentes voltam a
ser Oscar Bueno e Magal. Nessa
noite, Glaucia ainda comemora
quatro anos de Cio, a noite que
projetou o revival dos anos 80
na cidade e que já passou pelo
Egotrip e pela Torre do Dr. Zero
antes de ir para o Stereo e cair
na boca do grande público. Para
substituir o Cio, o Stereo chamou dois dos promoters mais
queridos pelos fãs de indie-rock, Adriano Costa (Debut/
Torre do Dr. Zero) e Marcio
Custódio (Sound/DJ Club), para fazerem a noite POPs. Não
tem DJ residente, o repertório é
mais livre e abrange o rock, indie, 70, 80 e 90 (olha que já tem
revival de 90...). A novidade é
que o clube agora tem um palquinho na pista, assim as bandas alternativas terão um espaço de qualidade.
GOSTA DE TECH-HOUSE? ENTÃO SE JOGA!
A febre da tech-house continua
em São Paulo. Sábado, na Lôca,
no projeto Locurama, tem DJ
gringo de tech-house, Mike
Parsons, DJ inglês hype do gênero, que toca por volta das 3h
no clube (r. Frei Caneca, 916).
FREE JAZZ 2001 JÁ ESTÁ VALENDO
O povo animou já nesta semana
para o Free Jazz deste ano, que
vai rolar em São Paulo e Rio em
outubro. Confirmaram o supercult Belle & Sebastian, o megacult Sigur Rós e o ultrahype
Fatboy Slim, que estamos tentando ver faz um tempão, né?
Norman Cook é um dos exemplos de superstar vindo da cena
eletrônica e vai ser bem divertido conferir suas andanças por
aqui. A organização do Free
Jazz promete ainda mais um
palco para o evento.
NIKE VAI TER POR AQUI TÊNIS DO MOVEMENT
É tão grande o poder da posse
de drum'n'bass Movement, lar
de Marky e Patife na Inglaterra,
que a Nike vai lançar um tênis
conjunto com eles, com edição
limitada. Diz que o modelo é tudo e agora eles estudam lugares
legais para vender o babadex
por aqui, já que o tênis não vai
sair por menos de R$ 200.
TÁ LIGADO NO HYPE DO CHÁ VERDE?
Quem me apresentou o babadex foi a maquiatrix Fulvia Farolfi, em Milão. Ela só toma chá
verde, no lugar do café, para tudo. É luxo para a pele e para
combater os radicais livres e
além do mais é super-hype.
Aqui em SP é difícil achar nos
restaurantes, mas na rede Alternativa e na Liberdade tem.
CAMPOS REABRE A ALA EGÍPCIA DO CHINÊS
O empresário Marcos Campos
está virando Campos de Jordão
de cabeça pra baixo, não só com
a reabertura do Sirena-Cabral
na cidade, mas também com as
festas supervips na famosa Casa
do Chinês, residência da posse
do clube na cidade. A novidade
é a reabertura da absurda ala
egípcia do castelo, que originalmente era a boate da excêntrica
construção. Eu digo Tesouros
do Egito! E a festa para 200 pessoas rolou forte, e só de hóspedes da casa eram 90!! Lá pelas
5h, começaram a chegar os
"amigos dos amigos" e cada um
pagou R$ 100 para entrar. Dmitri e Roxy tocaram até o meio-dia. "Dá mais trabalho do que o
clube", brinca o animado Marcos Campos, para quem não
tem tempo quente. Entre os
convidados do último babadex
estavam Luciano Huck, Paulo
Lima e Isaac Duek.
JUM SAKAMOTO É TUDO, JÁ FOI?
Aqui não é NY, mas o restaurante do mestre Jum Sakamoto
é tipo. Fica ali escondidinho na
r. Lisboa, 55, tel. 0/ xx/11/3088-6019, só trabalha com reservas,
o público é supercool e eles têm
um dos mais absurdos sashimis
da cidade. Se joga!
Colaborou Camila Yahn, free-lance para
a Folha
www.erikapalomino.com.br
palomino@uol.com.br
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