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São Paulo, domingo, 27 de julho de 2003

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PALCO E TELA

Artista comenta seus papéis no teatro e na TV

"Não sou um ator blasé", afirma Tony Ramos

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Tony Ramos, 55, prefere fazer uma coisa de cada vez. Mas há horas em que o teatro -está na peça "Novas Diretrizes em Tempos de Paz", que rendeu ao ator o Prêmio Shell carioca- e a TV, com a novela "Mulheres Apaixonadas", de Manoel Carlos, acontecem simultaneamente. E aí é preciso conciliar.
"O cansaço existe, não vou ser herói e dizer que não, mas administro, sou disciplinado. O próprio Maneco assistiu à montagem antes de começar a novela e disse para eu não parar a peça em virtude das gravações", diz Ramos, que completa 40 anos de carreira em 2004.
Dividido entre o Rio, onde mora e grava as cenas da trama da Globo, e São Paulo, onde apresenta o espetáculo, o artista paranaense diz não privilegiar uma ou outra seara do ofício. "Não sou um ator blasé, não acho que só o teatro valha a pena. Ou só a TV. Ou só o cinema. Não gosto dessa coisa de gueto, sou um homem que sabe que é um ator. E sou um ator popular, sim, não tenho pejo nenhum disso", afirma.
Popularidade essa que ajudou, de alguma maneira, a alavancar a peça do dramaturgo Bosco Brasil, estreada num esquema alternativo, em 2001, com Dan Stulbach (que permanece e que, graças ao desempenho, foi chamado para fazer o violento Marcos da novela) e outros intérpretes para o papel encabeçado hoje por Tony Ramos -Segismundo, um burocrata e ex-torturador do Brasil dos anos 40. Mas, para ele, a sua presença não é tudo.
"Às vezes, você chega quietinho e a qualidade é percebida sem haver uma pessoa famosa. Mas não sou hipócrita de negar que possa contribuir com o nome que tenho na TV. O importante, vital, porém, é o texto. Digo isso sem aquela falsa modéstia que adoram jogar em cima de mim, de bom-moço. Isso se chama ética."
Na TV, o ator encarna Téo. Às voltas com a sua mulher, Helena, de quem está separado, o boêmio saxofonista experimentará em breve uma situação que tem eletrizado, com a sua simples menção, telespectadores: a personagem Fernanda, sua ex-amante e mãe de seu filho, Lucas, será atingida e morta por uma bala perdida, no Leblon, bairro de classe média alta do Rio de Janeiro.
"O Manoel Carlos já disse que seria muito fácil colocar em extratos mais pobres da comunidade uma bala perdida. As pessoas não estariam fazendo tanto estardalhaço. O mesmo aconteceu quando ele criou, em "Laços de Família", a personagem Capitu, uma menina da classe média alta que era garota de programa", considera.
Outra "polêmica" que tem permeado as aparições de Ramos na novela diz respeito à vasta cabeleira que tem ostentado. O excesso capilar tem acarretado comentários e desagradado a alguns.
"Isso foi criado por alguns segmentos da imprensa. Nenhuma das pesquisas da Globo aponta como "ruído" o cabelo de Téo." Ele sublinha outra razão: "Meu cabelo estava curto demais para a peça". E adianta: "Como acontece a morte de Fernanda, Téo entra num processo depressivo. Helena também não volta para ele. Ele se sente culpado, triste, deixa o cabelo crescer ao bel-prazer. Isso faz parte de uma história que será contada. Há todo um desenho do personagem. E o público, que é soberano, não está nem aí para isso [o falatório em torno do cabelo]".
(PEDRO IVO DUBRA)


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