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TELEVISÃO
"Vida ao Vivo" impõe penitência a Luís Fernando
TELMO MARTINO
Colunista da Folha
Comentava-se com horror e espanto o peso das penitências que
o padre Paulo Autran impunha
às pecadoras de "Hilda Furacão".
Com horror e pânico muito mais
escandalosos, vê-se no programa
"Vida ao Vivo Show" a penitência que alguém muito mais cruel
que o Paulo Autran impôs ao comediante Luís Fernando Guimarães.
Ninguém vai se dar ao trabalho
de contar, mas desconfia-se de
que sua ligação profissional com
o apenas histérico Pedro Cardoso
ultrapasse os sete anos que aquele bíblico trabalhou como pastor.
Assim como as velhas chanchadas da Atlântida, o programa começa com vontades de Metro-Goldwyn-Mayer. Começa e
continua. Os dois estão sempre à
procura de idéia para um show
que, nos filmes, seria para a
Broadway.
Como a Broadway fica muito
longe, eles se contentam com a
transformação de sua idéia em
um esquete para a televisão. Não
importa a diferença das possibilidades histriônicas de cada um.
Os dois estão sempre iguais na
aparência e (por favor, contenha-se) na comicidade.
Luís Fernando Guimarães,
mesmo sem abrir a boca, poderia
fazer mil coisas.
Ele é um humorista também
muito físico. Numa solidariedade
já assustadora, ele sempre se contém. Muito bonzinho, sabe que
não vale a pena destroçar o talento limitadíssimo do companheiro com o esboço de gracejo
pessoal.
Pedro Cardoso não é comediante que se destrua com alguma
prova de superioridade. Como
um mosquito por demais insistente, ele é um caso de morte súbita numa lufada de Baygon.
A fragilidade de Pedro Cardoso
é um estorvo de dimensões assustadoras para um mamute.
"Vamos ser salva-vidas em Malibu, com aquelas louras peitudas
de maiô vermelho?" "Vamos." As
louras são vistas de soslaio, o
mesmo acontecendo com o mar e
a areia.
É tudo em cima dos dois, como
se continuassem na bancada do
"Fantástico". "Vamos ser policiais num camburão? "Vamos."
Os figurantes existem mas são esmaecidos pelo "buzzz" sempre
histérico do mosquito.
De que precisa esse programa
de existência inexplicável e de
humor terminal. "De mulher". Se
foi a Regina Casé que trouxe a
sugestão, acabem com tudo. Foi a
Denise Fraga? A idéia fica boa.
Era engraçada a piada que ela
contou. E depois seu Asdrúbal
nunca traz trombone.
No máximo, um ukelêle. Que,
por acaso, é um bom nome para
um inseticida.
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