São Paulo, quarta-feira, 27 de setembro de 2000
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Baden Powell
MORRE AOS 63, NO RIO, O MESTRE DO VIOLÃO
DA SUCURSAL DO RIO Um dos grandes nomes da bossa nova, o violonista Baden Powell, 63, morreu ontem às 6h45 no Rio devido a complicações decorrentes de uma pneumonia bacteriana. Ele sofreu falência múltipla dos órgãos e choque séptico. Powell havia sido internado na clínica Sorocaba, em Botafogo, em estado grave, em 23 de agosto, por causa da pneumonia bacteriana. Durante os 34 dias em que esteve internado, seu estado de saúde sofreu várias oscilações. Segundo o clínico-geral Eduardo Fraga, o músico era diabético e tinha sérios problemas renais. Isso levou a um agravamento do quadro. Poucos dias após sua internação, sofreu uma "falência renal aguda" e passou a ser submetido a sessões diárias de hemodiálise e a respirar com o auxílio de aparelhos. Há duas semanas, Powell havia melhorado: recobrara a consciência e pôde respirar sem aparelhos. A melhora durou pouco. No dia 19, boletim dizia que ele sofria de septicemia (infecção generalizada). Poucos dias depois, foi diagnosticada coagulopatia (coagulação intravascular disseminada). Vinicius de Moraes Powell foi parceiro, entre outros, de Billy Blanco, Geraldo Vandré, Ruy Guerra e Paulo César Pinheiro. Tinha um estilo marcante em suas composições, combinando influências do jazz, clássicas e afro-brasileiras. Mas a parceria que marcou a carreira de Powell foi a que o uniu ao poeta Vinicius de Moraes, a quem foi apresentado no início dos anos 60 durante um show de Tom Jobim na boate Arpège, um dos redutos da bossa nova em Copacabana (zona sul do Rio). Com ele compôs mais de 50 canções, entre elas, "Berimbau", "Samba em Prelúdio", "Samba da Benção" e os chamados afro-sambas, como "Canto de Xangô" e "Bocoxê". Durante sua carreira, iniciada no início dos anos 50, gravou mais de 50 discos. Baden Powell de Aquino nasceu em 3 de agosto de 1937, em Varre-e-Sai, pequena cidade a 383 km do Rio. Seu nome foi escolhido como uma homenagem ao fundador do escotismo. Aos 8 anos, teve suas primeiras aulas de violão com Jaime Florence, que o levou para tocar na rádio Nacional. Na Escola Nacional de Música do Rio ele estudou teoria musical e tocou clássicos como Bach e Chopin. Aos 15, já era um profissional. Aos 22, compôs "Samba Triste", com Billy Blanco. Ao lado de Paulo César Pinheiro, compôs "Aviso aos Navegantes" e "Quaquaraquaquá", gravados por Elis. A influência dos ritmos e da religiosidade afro-brasileira foi deixada de lado em 97, quando houve uma virada em sua vida: o violonista converteu-se a uma igreja evangélica e, a partir de então, se recusou a cantar o "saravá", saudação de "Samba da Benção". Baden era casado com Elizabeth do Carmo. Tinha dois filhos do primeiro casamento. O enterro acontece hoje, às 11h, no cemitério São João Baptista, em Botafogo (zona sul do Rio). Texto Anterior: Programação de TV Próximo Texto: Repercussão Índice |
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