São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2001 |
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ALTERNATIVA E-book é opção aos sem-editora
DAS REGIONAIS Mais do que um formato em contraponto ao tradicional (o impresso), o e-book (livro digital) é uma porta de entrada para a literatura para escritores que encontram dificuldades nas editoras. Segundo a Câmara Brasileira do Livro, o número de e-books publicados no Brasil passou de 124, em 1999, para 435, no ano passado -uma evolução de 251%. No mesmo período, o número de exemplares comercializados passou de 505.771 para 1,25 milhão (crescimento de 149%). Apesar de a grande maioria dos e-books no Brasil ser de autoria de escritores iniciantes, uma obra disponível em um dos sites que hospedam esse formato de literatura na internet pode ultrapassar a marca dos 50 mil downloads (cópias das obras pelos leitores). Alguns sites obtêm números impressionantes. A Usina de Letras abriga hoje 34.935 obras, elaboradas por 2.775 autores digitais, de estilos que vão de romances a textos jurídicos, passando por cartas, peças de teatro e frases. "A dificuldade para publicar um livro impresso é encontrar uma editora disposta a investir em um nome pouco conhecido", diz a escritora Maura Maciel. Para a autora, que tem três livros virtuais -o romance "O Segredo do Cofre" (18 mil downloads), o livro de crônicas "Viagens" (24 mil) e a coletânea de contos "AMORe-mail" (28 mil)- e duas obras impressas, o e-book tem outra vantagem. "É inusitado sentir que posso terminar um livro hoje, vê-lo publicado amanhã e com possibilidade de modificá-lo, sentir essa maleabilidade que oferece o livro digital." Para Roberta Rizzo, que já teve mais de cem mil downloads de suas obras, o livro digital permite usar recursos próprios da internet, como o hipertexto, e conquistar um número maior de leitores. Outras duas vantagens, segundo ela, é o custo menor, que permite à editora virtual dar até 100% do preço de capa para o escritor, além de, como citado por Maura, permitir a alteração do conteúdo da obra a qualquer momento. Para a escritora Cinthya Nunes Vieira da Silva (49 mil downloads de suas obras), a maior vantagem é o "feedback" (retorno). "Já recebi e-mail de vários leitores, inclusive de um que pretende adaptar um dos textos para o teatro", diz. Cinthya optou pelo e-book depois de ter enfrentado dificuldades para publicar suas obras no formato impresso. "É muito difícil obter uma resposta mais fundamentada e você fica sem saber se o que escreve tem valor." Difícil é viver apenas do dinheiro obtido com o e-book. "Pela falta de um sistema financeiro feito para a internet, as vendas ainda são baixas. Não é diferente de outros setores. Pesquisas mostram que apenas 1% dos cerca de 12 milhões de internautas faz compras on-line", diz Roberta. "Não há autor que não sonhe com o aspecto financeiro, mas, no momento, quero que as pessoas conheçam o meu trabalho. Não há escritor sem leitores", diz Cinthya. (JOSÉ BENEDITO DA SILVA) Texto Anterior: Crianças viram escritoras Próximo Texto: Menalton Braff: Temos que ter fé nas possibilidades de mudanças Índice |
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