São Paulo, quinta-feira, 27 de setembro de 2007 |
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Comida Cientistas dos sabores O francês Hervé This , que vem para São Paulo em outubro, fala à Folha sobre a gastronomia molecular , sua criação que influenciou alguns dos maiores chefs do mundo, como Adrià e Blumenthal
JOSIMAR MELO CIÊNCIA E TECNOLOGIA Gastronomia molecular é ciência, ou seja, produz novos conhecimentos sobre os mecanismos dos fenômenos por meio do método experimental. A ciência se faz num laboratório, o que não é o que Ferran Adrià faz; o "laboratório" de Ferran é um ateliê, onde se criam receitas. E seus "cientistas" são pessoas formadas em ciência que fazem sua aplicação, ou seja, fazem tecnologia. Não sei por que os cozinheiros haveriam de fazer ciência, já que esta só produz conhecimento, e não novos pratos. COZINHA MOLECULAR Chefs não fazem gastronomia molecular (a ciência), mas cozinha molecular, que utiliza novos equipamentos, ingredientes, métodos, que são às vezes simples: por exemplo, para filtrar um caldo no lugar de clarificá-lo só é preciso um filtro! INFLUÊNCIA NO DIA-A-DIA Os trabalhos do laboratório são utilizados principalmente pelos restaurantes, mas o que me interessa é que o sejam por todo mundo, no dia-a-dia. Eis porque "invenções" como o chantilly de chocolate [feito só de chocolate, sem creme de leite] me parecem tão interessantes. Você pode ver que qualquer um, não somente um chef, pode fazer as receitas que Pierre Gagnaire [chef do restaurante homônimo em Paris] coloca no seu site a partir de minhas "invenções". Não me interesso pela indústria de alimentos... mas sei que ela se interessa muito pelo que fazemos. BLUMENTHAL, ADRIÀ, GAGNAIRE Há uma grande diferença entre Ferran e Heston, de um lado (com Grant Achatz [do Alinea de Chicago], Wylie Dufresne [do wd 50 de Nova York] etc.) e Pierre Gagnaire. Este não usa material ou ingredientes especialmente novos, seu trabalho não é tecnológico como o deles. PREFERÊNCIAS
Não sei como falar da comida
desses três chefs. Só comi a comida de Ferran uma vez, faz
muito tempo, e só conheci o
pub de Heston, não o Fat Duck.
Só conheço bem a cozinha de
Gagnaire, que é aqui pertinho.
Lamento dizer que sou muito
mais feliz quando eu produzo
conhecimentos novos do que
quando eu recebo algo numa
refeição. Eu poderia ir ao Pierre
toda semana, mas sou mais feliz quando estou contribuindo
para formar estudantes interessantes, escrevendo livros,
artigos, fazendo conferências...
O jornalista JOSIMAR MELO viajou a convite do hotel Le Meurice e da TAM Texto Anterior: Tentações Próximo Texto: Saiba mais: Ciência ajuda na criação de novos pratos Índice |
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