São Paulo, segunda-feira, 27 de setembro de 2010

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CINEMA

Nostalgia e máquinas fotográficas embalam última sessão do Gemini

DE SÃO PAULO - Eram 20h30 de ontem. O corredor da galeria do nº 807 da av. Paulista estava desértico. Faltava 1h40 para começar ali a última sessão do Cine Gemini -"Cabeça a Prêmio", de Marco Ricca.
Nesse mesmo local, foi exibido, em 1975, os primeiros filmes nas "salas gêmeas". Hoje carrega um ar de antigamente, com decoração dos anos 70 intacta e sinais de decadência.
Perto das 21h30, uma fila se formava na bilheteria. Antes, apesar de o cinema estar aberto, nenhum funcionário havia dado as caras. Segundo o segurança, "estavam jantando".
O clima era de despedida. Frequentadores carregavam máquinas fotográficas e filmadoras em punho para registrar o momento final do cinema.
"O país não cuida de sua história", diz o psicólogo Leandro Salebian, 26. Para o microempresário Carlos Salmaso, 38, o fechamento é um "absurdo". "Tô até com vontade de chorar", diz. Foi nesse cenário que Patrizia Tomita, 26, assistiu ao primeiro filme com o namorado há três anos. "Viemos nos despedir."
Certo mistério sobre o fechamento continua: nenhum funcionário, dos poucos presentes, se prestou a falar nem sequer o próprio nome. Eles não informaram o número de espectadores -a reportagem contou 111 pessoas, a maioria na faixa dos 30 anos, que aplaudiram no fim do longa.
A administradora de empresa Andrea Zanin, 37, pediu, sem sucesso, um ingresso extra para "guardar de lembrança".
(LUIZA FECAROTTA)


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