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CINEMA
Nostalgia e máquinas fotográficas embalam última sessão do Gemini
DE SÃO PAULO - Eram 20h30 de
ontem. O corredor da galeria
do nº 807 da av. Paulista estava desértico. Faltava 1h40 para começar ali a última sessão
do Cine Gemini -"Cabeça a
Prêmio", de Marco Ricca.
Nesse mesmo local, foi exibido, em 1975, os primeiros filmes nas "salas gêmeas". Hoje
carrega um ar de antigamente,
com decoração dos anos 70 intacta e sinais de decadência.
Perto das 21h30, uma fila se
formava na bilheteria. Antes,
apesar de o cinema estar aberto, nenhum funcionário havia
dado as caras. Segundo o segurança, "estavam jantando".
O clima era de despedida.
Frequentadores carregavam
máquinas fotográficas e filmadoras em punho para registrar
o momento final do cinema.
"O país não cuida de sua
história", diz o psicólogo
Leandro Salebian, 26. Para o
microempresário Carlos Salmaso, 38, o fechamento é um
"absurdo". "Tô até com vontade de chorar", diz. Foi nesse
cenário que Patrizia Tomita,
26, assistiu ao primeiro filme
com o namorado há três anos.
"Viemos nos despedir."
Certo mistério sobre o fechamento continua: nenhum
funcionário, dos poucos presentes, se prestou a falar nem
sequer o próprio nome. Eles
não informaram o número de
espectadores -a reportagem
contou 111 pessoas, a maioria
na faixa dos 30 anos, que
aplaudiram no fim do longa.
A administradora de empresa Andrea Zanin, 37, pediu,
sem sucesso, um ingresso extra para "guardar de lembrança".
(LUIZA FECAROTTA)
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