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Crítica/show
Festival começa com melancolia
Antony and the Johnsons, Cat Power e Toni Platão abriram, anteontem, o Tim Festival em São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
O discurso feminista e
politizado do cantor e
pianista inglês Antony
Hegarty -líder da banda Antony and the Johnsons- definiu o espírito da primeira noite
do Tim Festival, anteontem no
Auditório Ibirapuera, em São
Paulo. O brasileiro Toni Platão
e a americana Cat Power foram
as atrações de abertura.
"Só temos uma chance para
que o mundo sobreviva. Vocês
têm que chamar suas mães para concorrerem à Presidência",
brincou Antony, após se desculpar "por errar ao piano".
Durante seu longo discurso,
o bem-humorado Antony fez
sua descrição de como seria um
"mundo perfeito". "Meu mundo perfeito teria 75% de mulheres acima de 60 anos em posições de poder. Elas são muito
mais sábias que os homens."
O músico de voz grave, que
lembra tanto Nina Simone
quanto um Elton John mais
sombrio, fez o show de encerramento de uma noite marcada
por artistas de sonoridade mais
melancólica e romântica.
Além do piano de cauda pilotado pelo cantor, a banda incluía violinos, violão, violoncelo e baixo. O clima intimista,
quase de um concerto de câmara, se adaptou bem ao Auditório Ibirapuera.
Ele apresentou algumas de
suas mais conhecidas músicas,
como "For Today I Am a Boy",
mas um dos melhores momentos foi a bizarra versão para "I
Will Survive", o hit disco de
Gloria Gaynor.
Caras e bocas
Cat Power entrou no palco
dublando a narração de Zuza
Homem de Mello que introduziu o show. Suas caras e bocas,
ironizando o anúncio, arrebataram o público. Em recente
entrevista à Folha, a cantora
afirmou ter superado problemas com álcool e depressão,
quando lançou, no ano passado, o elogiado "The Greatest".
Mas o repertório do show de
anteontem teve poucas canções desse álbum, entre elas a
faixa-título, "Could We" e "Lived in Bars", todas com arranjos novos e quase irreconhecíveis. A banda Dirty Delta Blues
deu um novo ritmo ao trabalho
da cantora. Formada por integrantes do Jon Spencer Blues
Explosion e Delta 72, entre outros, o grupo tem uma sonoridade entre soul, blues e um
rock mais sujo e pesado.
Com a voz aveludada um
pouco mais rouca que o habitual, Cat Power não estava satisfeita com o som no início,
pediu várias vezes mais retorno e cantou com o rosto colado
nas caixas em frente ao palco.
Diante da banda, a cantora se
movimentou com passos de
dança e gestual esquisitos e, no
encerramento, disse que não
merecia os aplausos.
O primeiro show da noite foi
do brega cool Toni Platão. O
carioca estava afinado depois
de uma longa temporada de
shows de seu disco mais recente, "Negro Amor".
(BRUNO YUTAKA SAITO, BRUNA BITTENCOURT E
TEREZA NOVAES)
Antony and the Johnsons: bom
Cat Power: bom
Toni Platão: regular
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