São Paulo, segunda, 27 de outubro de 1997.




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Para tcheco, surrealismo sobrevive

ADRIANE GRAU
em San Francisco

Conhecido como o mágico do surrealismo, o animador tcheco Jan Svankmajer, 63, faz arte na sua natal Praga desde os anos 50.
Seu mais recente filme, "Conspiradores do Prazer", passa hoje na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
O cineasta afirma que a estética surrealista não morreu. Seus filmes, que misturam animação e cenas reais, encantam o mundo desde que, em meados dos anos 80, escaparam da cortina de ferro que o isolava no Leste Europeu.

Folha - "Conspiradores do Prazer" parece um pesadelo de gente grande. Como foi criado?
Jan Svankmajer -
Como sabemos, segundo Freud somos todos perversos. Durante o surgimento da sexualidade, experimentamos várias formas de aberrações sexuais. Mesmo após o desenvolvimento da libido, grande parte de nós fica presa a uma fase anterior. Nossa civilização suprime isso em nós. Mas o filme nos força para se abrir a tais explorações novamente. Por isso, pode dar a impressão de um pesadelo.
Folha - Tendo sofrido censura anteriormente, o senhor já pensou em se autocensurar?
Svankmajer -
Não, nunca. Naturalmente, o que pode ser apontado como autocensura fez parte da vida na antiga Tchecoslováquia. É muito mais confortável para o sistema transferir tal responsabilidade para o cidadão.



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