São Paulo, Sábado, 27 de Novembro de 1999


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ERUDITO
Ópera praticamente projetou carreira da soprano Céline Imbert
"A Voz Humana" está no Municipal em São Paulo

JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local

Francis Poulenc (1899-1963), um dos grandes da música francesa do século, é bem mais lembrado pelas peças para balé ou pelas canções a partir de poemas de Apollinaire. Mas ele é também o autor de quatro óperas.
"A Voz Humana", a mais atípica delas, foi encenada em 1987 pela primeira vez em São Paulo. É basicamente a mesma equipe que se encarrega agora de reapresentá-la em duas únicas récitas, hoje e amanhã, no Teatro Municipal.
O espetáculo terá a direção artística de Jamil Maluf, que também é o diretor da Orquestra Experimental de Repertório, a ser desta vez regida por Abel Rocha. A direção cênica será de Iacov Hillel, que participou da primeira montagem há 12 anos.
E como personagem único estará a soprano Céline Imbert, que praticamente projetou sua carreira a partir desse papel.
Trata-se de um monólogo de grande dramaticidade e delicadeza psicológica, no qual uma mulher conversa ao telefone com o amante que a abandona e a quem tenta sem sucesso reconquistar.
"A Voz Humana" foi originariamente uma peça de teatro, escrita por Jean Cocteau e estreada em 1930. Poulenc a transformou em drama lírico, encenado pela primeira vez em 1959.
"Poulenc é um compositor de grande facilidade melódica", diz Jamil Maluf. "Mas nessa ópera o melodismo não corre solto porque é preciso musicar falas entrecortadas, seja pela interrupção da linha, seja pela resposta do amante que o público não ouve, seja pela intervenção da telefonista."
A idéias musicais são curtas, fragmentadas, permitindo uma adequação melódica às rápidas transformações de conteúdo que o libreto impõem.
A peça de Jean Cocteau ganhou, ao se transformar em ópera, um "timing" para ser interpretada, afirma Jamil. O autor disse ao compositor que a partir da partitura as atrizes que fizessem o papel no teatro deveriam ter como ponto de referência a duração imposta às cantoras para as mesmas falas.
O espetáculo será dividido em duas partes. Na primeira, a Orquestra apresenta duas peças sob a forma de concerto: a abertura de "A Força do Destino", de Verdi, e o prelúdio e a morte de "Tristão e Isolda", de Wagner.
"A Voz Humana", interpretada em seguida, tem a duração aproximada de 50 minutos.


Ópera: A Voz Humana (Francis Poulenc) Orquestra: Experimental de Repertório, dir. Abel Rocha Solista: Céline Imbert (soprano) Direção: Iacov Hillel (cênica), Jamil Maluf (artística) Quando: dias 27, às 21h, e 28, às 17h Onde: Teatro Municipal, pça. Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/xx/11/222-8698 Quanto: R$ 5 a R$ 25

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