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"CRUZADA - EDIÇÃO ESPECIAL"
Ridley Scott capricha em reconstituição
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Cruzada " é um filme que
trata de tema hoje polêmico, apesar de curiosamente antigo: a época das Cruzadas, as guerras entre cristãos e muçulmanos
na Palestina nos séculos 11 e 12
d.C.. Houve críticas que o tacharam de ser uma visão hollywoodiana da doutrina dos dois presidentes Bush, pai e filho, de darem
porrada no Oriente Médio. Mas
houve resenhas que o acharam
muito pró-islã, renegando valores
essenciais do Ocidente.
Como dá para perceber, são
avaliações que refletem bem mais
o que pensam e o que querem dizer seus autores do que o próprio
longa, razoavelmente equilibrado
e politicamente correto.
Dias atrás, terroristas da Al Qaeda chamaram os americanos de
"cruzados" em um comunicado
se vangloriando de mais alguns
cadáveres. Além do clássico "sionista", não há xingamento maior,
hoje, na parte do mundo que se
ajoelha para rezar cinco vezes ao
dia na direção de Meca.
Mas nem sempre foi assim.
Houve momentos históricos de
convivência passável entre cristãos, muçulmanos e judeus,
"fiéis" de três religiões monoteístas e também guerreiras.
Certo, as Cruzadas foram uma
ofensiva cristã em terras maometanas. Mas se pode dizer também
"contra-ofensiva", pois eram terras antes cristãs. Continuaram
nas mãos do islã até a Primeira
Guerra (1914-18), quando foram
retomadas pelos britânicos. Foram repovoadas por judeus, houve a independência de Israel em
1948. O resto é história recente.
O filme narra a retomada de Jerusalém pelos muçulmanos. Boa
parte dos fatos históricos segue
aquilo que se conhece. O personagem principal, Belian de Ibelin
(Orlando Bloom), foi romantizado, com uma fictícia vida pregressa como ferreiro e um final igualmente fantasioso.
O líder islâmico Saladino também está um pouco mais bonzinho, e alguns "cruzados" ficaram
mais patéticos do que eram. Mas
o resultado ainda está OK.
A reconstituição de época está
de acordo com o que se sabe hoje,
mas Ridley Scott tem um fraco
por fogo que estraga a coisa. Tanto aqui como na brilhante cena
inicial de seu "Gladiador", há
muitas flechas e catapultas lançando fogo, que não eram a praxe
da época. Tudo bem, é uma licença cinematográfica que dá belos
resultados visuais. A história perde, mas o filme ganha. Mas, como
mostram os documentários dos
extras do DVD, a história não perdeu tanto assim nesta produção.
Cruzada - Edição Especial
Direção: Ridley Scott
Distribuidora: Fox; R$ 50
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