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Novo museu em SP foca quatro artistas
Instituto de Arte Contemporânea abriga obras de Amilcar de Castro, Mira Schendel, Sergio Camargo e Willys de Castro
Na exposição inaugural, aberta hoje, Lucio Fontana e Volpi dialogam com obras dos "artistas residentes'; acervo é de 200 trabalhos
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um novo museu na área central de São Paulo, com acervo
permanente de quatro importantes nomes das artes plásticas brasileiras: é o IAC (Instituto de Arte Contemporânea),
que será inaugurado hoje, às
19h, tendo em seu acervo permanente cerca de 200 obras de
Amilcar de Castro, Mira Schendel, Sergio Camargo e Willys de
Castro. "Campo Ampliado",
com 75 obras, é a mostra de
abertura do espaço, ao lado do
Centro Universitário Maria
Antonia, com trabalhos de Lucio Fontana e Volpi, entre outros, em diálogo com obras dos
quatro artistas principais da
instituição.
O IAC se diferencia de outros
modelos museográficos no
Brasil por ter como foco um número restrito de artistas. Há raras iniciativas desse tipo no
país, como a Fundação Iberê
Camargo, que ganha um novo
prédio no ano que vem, em Porto Alegre, e o Museu Lasar Segall, em São Paulo, que já tem
40 anos.
"Depois da morte do Sergio
Camargo, fiquei responsável
pelo espólio dele e fechei o seu
ateliê na Itália, em 1991. Percebi, então, que precisava institucionalizar todo aquele acervo",
diz a galerista Raquel Arnaud,
presidente do IAC. "Temos
poucas iniciativas do gênero no
Brasil, que individualizam a exposição e a pesquisa de determinados nomes. É importante
lembrar que todos eram amigos e cultivavam um diálogo estético importante. A Mira, por
exemplo, viajava para o Rio somente para ver o que o Sergio
achava de uma obra nova que
ela havia feito."
Um dos braços importantes
do IAC é o seu Núcleo de Documentação e Pesquisa, que desenvolve um trabalho de digitalização e tratamento de 4.000
imagens relacionadas aos artistas, além da organização de cerca de 7.000 documentos, como
correspondências, projetos de
obras e textos pessoais. O centro vai funcionar ao lado das
duas grandes salas expositivas
do instituto -de 122 e 140 m2-,
e o acesso será permanente a
partir de amanhã, mediante
agendamento.
No mesmo prédio do IAC,
funcionarão duas salas do Maria Antonia, um auditório e
uma reserva técnica, que devem ser entregues a partir do
ano que vem.
Importância
A reunião de obras significativas de Amilcar, Schendel, Camargo e Willys é bem recebida
por quem foi próximo a eles.
"Essa conversa que eles vão
manter nesse espaço é importante. Muitos diálogos vão aparecer entre as obras deles e em
relação a nomes mais recentes", avalia o artista Carlos Vergara, 65, que foi amigo de Camargo.
"Para mim, o Sergio é importante por seu rigor estético e
por sua liberdade intelectual.
Ele pesquisava muito para colocar a mínima coisa em seu
ateliê. E foi um interlocutor
muito ativo de nomes de gerações mais novas, como o Tunga
e o Waltercio Caldas. Quando
via uma exposição sua, assim
como o Willys, não era de só dar
tapinhas nas costas; ele criticava de verdade o seu trabalho."
"É uma geração de força",
afirma o historiador e professor da Uerj (Universidade do
Estado do Rio de Janeiro) Roberto Conduru, autor do livro
"Willys de Castro" (Cosac
Naify, R$ 75, 240 págs.).
Para ele, a reduzida obra de
Willys, vista em conjunto com a
dos outros três artistas, vai
atestar a "excepcionalidade e
uma certa atitude minimalista"
de sua trajetória. "Nos outros
artistas, essa redução de elementos é importante. Em
Willys, ela é mais evidente na
economia de sua produção."
Para o galerista André Millan, que cuida do espólio de
Schendel, o interesse sobre ela
"cresce em progressão geométrica". "Sua participação em
Kassel neste ano e a mostra no
MoMA, prevista para 2009,
provam que Mira cada vez é
mais estudada e ganha maior
importância."
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