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Crítica
"As Safadas" é ótimo filme de baixo orçamento
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Orson Welles ia além das
condições para levar seus projetos a cabo. Endividava-se, pedia empréstimos, filmava ininterruptamente e em vários países. O resultado é uma das
obras mais geniais da história
do cinema.
Welles não foi o único. Há
um punhado de exemplos em
que diretores estouram prazos
e borderôs para levar à tela algo
ao nível das nuvens, de Stanley
Kubrick a Francis Ford Coppola e Michael Mann.
Criar acima das condições
possíveis é a chave para um filme transcender, ser algo mais,
e isso é algo bastante notável
numa arte como a do cinema,
que depende e despende de capital para sua viabilização.
Foi sob baixíssimo orçamento (e crise da pornochanchada,
em 1982) que Inácio Araujo,
crítico da Folha, dirigiu "Uma
Aula de Sanfona", um dos três
episódios de "As Safadas"
(Canal Brasil, 0h). O resultado
é um ótimo filme, cujas imagens ilustram bem uma crônica
de costumes libertária. Talvez
Araujo pretendesse ir além das
nuvens, talvez à estratosfera.
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