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Primeira versão da obra foi vetada por Harvard
DE SÃO PAULO
Apesar de hoje causar polêmica entre intelectuais de
esquerda, "Brasil: de Getúlio
a Castello (1930-64)", de Thomas Skidmore, desagradou a
extrema direita nos anos 60.
"Ele [Skidmore] tira dos
militares a ousadia de ter feito o que se chamava de revolução. Descreve uma preparação histórica em que eles
apenas executaram uma proposta latente", diz José Carlos Sebe Bom Meihy, da USP.
Para Carlos Fico, da UFRJ,
um mérito do americano é o
de mudar o foco da pesquisa
brasileira. Antes, só se falava
dos períodos colonial e imperial e do início da República.
Já Maria Aparecida de
Aquino diz que ele abriu caminho para se "falar de situações que não eram faladas, a
história contemporânea".
O que não quer dizer que
Skidmore tenha sempre recebido elogios. Janice Theodoro da Silva, hoje professora
aposentada da USP, fazia crítica aberta ao autor em 1979.
No artigo "Contra Thomas
Skidmore", ela analisa outro
livro, "Preto no Branco", para dizer que é constituído um
"narrador supostamente
neutro" que "confunde uma
visão conservadora do pensamento brasileiro com uma
suposta descrição científica
dos fatos ocorridos".
Nascido em 1932, em Ohio,
Skidmore passou a estudar o
Brasil nos anos 1960 e já admitiu que preferia ter se especializado na história alemã.
No prefácio de "Brasil: de
Getúlio a Castello", James
Green conta uma história curiosa: a primeira versão da
obra foi vetada pela editora
de Harvard em 1965.
Segundo ele, um dos pareceres contrários foi do então
embaixador no Brasil em 64,
Lincoln Gordon.
Green confirmou à Folha
que Skidmore era próximo de
Gordon. "A mulher dele, Felicity, é filha de um economista britânico [Robert Lowe
Hall]", membro do governo
britânico na Segunda Guerra. Durante o conflito, Hall e
o então embaixador se conheceram.
Quando vieram para o Brasil, em 62 e, depois, em 63, o
casal Skidmore procurou
Gordon. "Mas era só uma relação impessoal. Tanto que
Gordon vetou [a publicação]
do livro [depois]."
(LEk)
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