São Paulo, sexta-feira, 27 de dezembro de 2002

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ELETRÔNICA

Chega ao Brasil o primeiro disco do DJ Alex Kid, sucessor da geração de ouro da música eletrônica francesa

Nova house francesa não é para as pistas

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

No Brasil da música eletrônica, dominado pelo drum'n'bass e tecno, a house é, muitas vezes, sinônimo de som descartável para pistas. Na direção oposta desse preconceito, a MCD World Music, que solta um pacote com iguarias francesas como St. Germanin ("Boulevard"), Llorca ("Newcomer") e Aqua Bassino ("Beats and Bobs"), lança o primeiro disco do DJ e produtor francês Alex Kid (ou Alexis Mauri), 27.
Um dos mais badalados do influente selo F Communications [o maior entre os independentes franceses", o rapaz com nome de herói de videogame tinha 22 anos quando assinou o contrato.
Alex sucede, assim, a geração de ouro da música eletrônica francesa (a tríade Air, Cassius, Daft Punk) e dá sugestões de rumos alternativos à house. "Na verdade, a "nova" geração já convivia com a "velha" geração. O que aconteceu foi que nós levamos um pouco mais de tempo para chamar a atenção da mídia", diz Alex.
"Atualmente a música da França é mais eclética do que antes, a house está ficando cada vez mais interessante, com ramificações diferentes e selos como Brique Rouge e Faya Combo."
"Bienvenida", o álbum, surpreende por fugir dos clichês de pistas de dança. Ao usar recursos eletrônicos e músicos convidados, o trabalho soa muito mais como um disco de banda "de verdade". Alex convidou amigos que tocaram trompete, trombone, saxofone, guitarra e instrumentos de percussão. A receita francesa, por fim, deu origem à uma sonoridade profundamente inspirada em trilhas sonoras de gente como Bernard Hermann, soul, world music, funk e jazz latino.
"Antes de mais nada, sou influenciado pelas séries televisivas dos anos 70 e todos aqueles humores que surgem quando o detetive negro persegue o suspeito que está comprando cigarros na esquina", diz Alex.
São poucas as faixas mais dançantes e rápidas que poderiam tocar em uma casa noturna convencional. Neste aspecto, o trabalho diferencia-se bastante dos sets do Alex Kid DJ, que tocou no Brasil em julho. "O disco é mais para ser ouvido em casa; já meus sets são sons mais eletrônicos, mais crus."
As intenções de Alex ficam explícitas na capa de "Bienvenida", que mostra o interior de uma loja de discos com ambientação de danceteria. "É uma forma de dar as boas-vindas ao meu mundo musical", explica. "Não há um conceito claro no disco. É apenas a história de humores diferentes, como na vida real. A vida não é sempre triste ou feliz."
Para as pessoas felizes e tristes, a boa notícia é que o DJ também desembarca aqui no Brasil e apresenta-se no próximo dia 10 no Lov.e Club & Lounge (r. Pequetita, 189, Vila Olímpia, São Paulo, tel. 0/xx/11/3044-1613. Ingr.: R$ 20 a R$ 30). A festa, que marca o lançamento de seu disco no Brasil começa à 0h e terá ainda os DJs Paula, Erik Camelo, Renato Cohen e Mau Mau. É hora de conferir a tal discotecagem mais pesada e "crua".


BIENVENIDA - Artista: Alex Kid. Lançamento: MCD World Music. Quanto: R$ 27, em média.


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