DA REDAÇÃO

Escolha a vida , escolha um emprego, escolha uma carreira. Mas por que querer tudo isso? O grupo britânico Underworld já fez muitas escolhas e hoje sonha com descanso, mais precisamente, com cem dias de folga.
"A Hundred Days Off", o novo disco, é atestado de sobrevivência de uma overdose eletrônica.
Compare o ano presente com 1996, o ano em que o Underworld foi finalmente visto/ouvido/dançado. Será para sempre lembrado por "Born Slippy", a "Stairway to Heaven" da geração clubber, que embalou as alucinações de Ewan McGregor no clássico junkie "Trainspotting".
Diz-se que a era dos superclubes está chegando ao fim, que a música eletrônica é um DJ em um comercial de refrigerante. Dizia-se que o Underworld era apenas item decorativo daquele 1996 inesquecível. Surpreendem as vozes negativas que duvidavam de sua sobrevivência após a saída do DJ Darren Emerson. Visto como o elemento mais rítmico, imaginava-se que o grupo sucumbiria às facetas experimentais de Karl Hyde e Rick Smith. Devagar, o novo Underworld deixa para trás sua antiga aura "dark". Estão mais leves ("você traz luz", diz a melhor do disco, "Two Months Off", que mostra como o Underworld ainda bate um bolão nas pistas). Podem decepcionar por faixas tolamente atmosféricas, como "Trim", um rock que lembra chatices do Dire Straits. "Sonho que tornei-me química", canta Hyde preguiçosamente na faixa de abertura "Mo Move". "A Hundred..." é, antes de mais nada, o retrato atual da geração química, aquela próxima dos 30 anos. Trilha sonora daqueles que chegam cedo à festa e vão embora antes do sol raiar. Ou então, daqueles que não dançam a noite inteira e preferem bebericar algo enquanto assistem aos mais jovens se derreterem na pista.
(BRUNO YUTAKA SAITO)

A Hundred Days Off
     Artista: Underworld Lançamento: Sum Records Quanto: R$ 25, em média