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CRÍTICA
Disco mostra síntese do que é o rock
DA REDAÇÃO
É bobagem falar bem deste
"Don't Worry about Me"
apenas por ser uma obra de quem
é. Seria como colocá-lo no mesmo
saco com alguns discos solo de
qualidade mais do que duvidosa
de gente como Mick Jagger, Bowie, McCartney e outras figuras.
Este é o disco póstumo de Joey
Ramone. Se existe alguém para se
"culpar" pelo punk ter existido e
acontecido da forma que foi, ele é
o homem.
Tudo o que Joey viveu e conheceu de rock está aqui. Mas não pára nisso. Este "Don't Worry..." é
ótimo porque, apesar das circunstâncias em que foi gravado, é
enérgico, pra cima, bem tocado
(no sentido punk) e escrito. Parece o disco de um novato Joey, um
Ramones das antigas.
Para sua despedida, o cantor foi
buscar referências naquilo que
adorava: Stooges, Slade, Beatles,
Phil Spector, Kinks, Motorhead,
New York Dolls. Está tudo aqui,
misturado com os típicos três
acordes ramonianos.
Cara boa-praça, simpático, Joey
abre o CD com "What a Wonderful World", aquela mesmo, standard jazz imortalizado por Louis
Armstrong. Ele a escolheu por ser
uma música positiva, otimista,
exultante à vida. Era assim que ele
se sentia. A outra cover que aparece no disco é "1969", hino pré-punk dos Stooges.
O clima alegre do CD continua
com a engraçada "Maria Bartiromo", canção em homenagem a
uma repórter de economia de
uma rede de TV americana (!).
A doença que vitimou Joey também está aqui, em "I Got Knocked
Down (But I'll Get Up)" (Eu fui
derrubado, mas vou me levantar).
É triste de ouvir, sabendo o que
aconteceu, mas Joey não faz lamúrias, faz punk rock.
Joey não está mais aqui para colher os elogios ao disco, que certamente virão, mas ele nunca se importou com isso mesmo. Joey, este sim, era o mestre.
(THIAGO NEY)
Don't Worry about Me
Artista: Joey Ramone
Lançamento: Sanctuary Records (19 de
fevereiro, no exterior)
Onde encomendar: London Calling (0/xx/11/223-5300) e Bizarre (0/xx/11/3331-7933)
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