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São Paulo, terça-feira, 28 de janeiro de 2003

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Sundance premia américa em crise

Divulgação
Acima, Hope Davis em 'American Splendor', drama que levou o Grande Prêmio do Júri; ao lado, Peter Dinklage no favorito do público 'The Station Agent'



Festival de cinema independente critica o modo de vida americano e coloca seus marginalizados em primeiro plano; os três longas brasileiros que concorreram a prêmios voltam para casa sem nada


DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do Oscar, que jamais deixa de festejar a América e seus costumes, o Festival de Sundance 2003, de cinema independente, premiou anteontem a crise do modo de vida americano, assim como o cotidiano de seus marginalizados.
A cerimônia, que aconteceu na noite de domingo na pequena Park City, no Estado mórmon de Utah, não teve grandes vencedores. Os principais premiados, "American Splendor" (drama) e "Capturing the Friedmans" (documentário), não levaram mais nenhuma estatueta para casa além do Grande Prêmio do Júri.
"American Splendor", de Shari Springer Berman e Robert Pulcini, é um filme sobre a vida monótona de um funcionário de um hospital em Cleveland. Inspirado pelo sucesso de Robert Crumb nas histórias em quadrinhos, Harvey Pekar resolve quadrinizar sua própria vida besta. Apesar do sucesso, Pekar ainda sente seu cotidiano vazio. Até que conhece outra deprimida.
O grande vencedor do gênero documental, "Capturing the Friedmans", de Andrew Jarecki, também investiga o cotidiano sem graça americano, desta vez de uma típica família "feliz", os Friedmans do título.
A monotonia, entretanto, é quebrada radicalmente quando pai e filho são presos. Professor, o pai Arnold Friedman é acusado de distribuir material pornográfico infantil pelo correio. E isso é só o começo das acusações que começam a aparecer.

Público
Os premiados pelo público, "The Station Agent" (drama) e "My Flesh and Blood" (documentário), foram os únicos filmes a ganhar outros prêmios. O primeiro acumulou o Prêmio Waldo Salt para roteiro, e o segundo levou a melhor direção de documentários. Ambos apostam em personagens marginalizados pela sociedade, um anão no primeiro caso, e crianças deficientes, no segundo.
O mote de "The Station Agent", dirigido por Tom McCarthy, é a tentativa de Finbar McBride em viver à revelia dos outros. Quer ser apenas mais um. Mas, tendo nascido anão, é difícil que não chame a atenção dos outros onde quer que vá.
Apaixonado por trens, McBride se vê, após uma série de eventos, em um depósito ferroviário abandonado em New Jersey. Lá, encontrará dois outros quase solitários como ele.
Já o documentário preferido do público, "My Flesh and Blood", de Jonathan Karsh, mostra a vida de uma mulher que cuida de onze crianças deficientes física ou mentalmente.

Brasileiros
Os três longas brasileiros em Sundance -os dramas "Benjamim", de Monique Gardenberg, e "Madame Satã", de Karim Ainouz, e o documentário "Ônibus 174", de José Padilha- concorriam a um único prêmio, o da Audiência para Cinema Mundial. Mas quem levou foi o drama neozelandês "Whale Rider", de Niki Cairo, sobre o processo de escolha do novo chefe de um vilarejo tribal.
Um brasileiro, entretanto, participou de um dos filmes vencedores. Trata-se do ator Bruno Campos, que faz o bigodudo que foge com Patricia Pillar em "O Quatrilho". Atuando no exterior há alguns anos, Campos faz um papel em "Dopamine", do estreante Mark Decena.
"Dopamine", nome de uma substância que o corpo produz quando a pessoa se apaixona, ganhou o Prêmio Alfred P. Sloan, para filmes que de alguma forma tratam de tecnologia ou ciência. É a primeira vez que o prêmio é concedido e garante US$ 20 mil para o diretor e o roteirista.


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