BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Mesmo que a música eletrônica tal como a conhecemos hoje -um fenômeno de massas- já tenha idade suficiente para sustentar uma cultura toda própria -as primeiras raves datam de fins dos anos 80-, seus registros documentais ainda costumam engatinhar e falhar. O desafio é bem contornado pela série "Planeta Mix" ("Mix of Nations -The Ultimate Clubber's Guide", 2003), produção em 13 episódios do selo inglês Ministry of Sound.
Afinal, como converter em imagens e "enredo" interessantes para o telespectador, no conforto de seu sofá, um indivíduo que fica sozinho no palco, centenas de indivíduos que dançam loucamente em uma imensa massa humana e uma música antes de mais nada, e essencialmente, rítmica?
A série, no entanto, segue a trilha de qualquer documentário básico, o que ajuda enormemente na tarefa. Há uma preocupação maior em mostrar diferentes pontos de irradiação de música eletrônica ao redor do mundo e breves descrições sobre o desenvolvimento da cena regional. E, para quem acha que DJs nunca dizem algo muito interessante ou articulado, "Mix" traz breves análises de gente como o DJ Paul van Dyk, que fez fama no progressive.
Dyk aparece no segmento dedicado à Love Parade, em Berlim, e fala basicamente sobre as diferenças de gerações clubbers e o caráter político/cultural das primeiras raves, antes de 1994. Outro ponto visitado na edição de hoje é Ibiza (Espanha), quando a house e o DJ Roger Sanches ganham voz.
As palavras voltam a sumir quando Carl Cox surge. O DJ -o melhor do mundo, esqueça Tiësto e a votação da revista "DJ Mag"- aparece em uma gigantesca festa de Réveillon em Sydney (Austrália). A empolgação do público, que faz a contagem regressiva para a virada, e o carisma de Cox chegam intactos à tela. "Estou sem palavras", diz o DJ. Neste caso, o silêncio tem sua justificativa.